Esta semana, a Rússia fez um anúncio que parece coisa saída de filme: que o país conseguiu desenvolver uma vacina contra o câncer. Além disso, o governo russo vai distribuir os imunizantes de forma gratuita para a população a partir deste ano. Porém, como o g1 aponta, todas as informações foram dadas pelo governo do país, sem publicações em revistas científicas para atestá-las.
De acordo com o governo russo, essa vacina utiliza a mesma tecnologia de vacinas contra a Covid-19 da Pfizer e da Moderna, a mRNA, só que personalizada. “Com base na análise genética do tumor de cada paciente, é criada uma vacina única que pode ‘ensinar’ o sistema imunológico a reconhecer células cancerígenas”, afirma o site do Centro Nacional de Pesquisa Médica Radiológica do ministério russo.
O diretor do Centro Nacional de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, Alexander Gintsburg, disse em entrevista que a vacina suprimiu o desenvolvimento de tumores e potenciais metástases em seus ensaios pré-clínicos.
Não existem informações fora do governo russo sobre a vacina contra o câncer
Questionada pelo g1, Mariana Brait, gerente sênior de pesquisas do A.C.Camargo Cancer Center, contou que não são encontradas publicações sobre essa vacina russa no meio científico. Mas qual a importância disso?
Ao ser publicado em uma revista científica, aquele artigo, ensaio ou estudo, passa por uma revisão dos pares, de forma a tentar garantir que aquele trabalho tem qualidade e credibilidade.
“Quando fazemos uma divulgação sem ter a publicação científica, sem a revisão por pares, criamos uma falta de transparência e a sociedade fica naquela situação de dúvida, se o que está sendo divulgado é sério. Quando vemos um anúncio que não está baseado em dados científicos, temos a sensação de desserviço”, declarou a gerente sênior do A.C.Camargo Cancer Center.