O falecimento do Papa Francisco na última segunda-feira (21), marcou o fim de uma era na Igreja Católica e reacendeu debates sobre a riqueza do Vaticano. Conhecido por sua postura crítica em relação às desigualdades sociais e pela defesa de uma Igreja mais próxima dos pobres, o pontífice argentino Jorge Mario Bergoglio surpreendeu ao manter um patrimônio pessoal praticamente inexistente: apenas cerca de 100 dólares.
Ao contrário de muitos líderes mundiais, Francisco não possuía contas bancárias nem bens em seu nome. Como membro da Companhia de Jesus, viveu segundo o voto de pobreza. Isso significa que ele não recebia salário por seu cargo e todas as suas necessidades — como moradia, vestuário, alimentação e transporte — eram custeadas diretamente pela Santa Sé. Ainda que tivesse direito a um vencimento anual estimado em 384 mil libras (aproximadamente 3 milhões de reais), ele recusou esse valor, optando por doá-lo a fundos e instituições de caridade.
Uma vida de austeridade no coração do Vaticano
Em vez de residir no tradicional Palácio Apostólico, Francisco escolheu viver na Casa Santa Marta, uma hospedaria simples dentro do Vaticano. Essa decisão simbolizou seu compromisso com a simplicidade e a proximidade com os outros religiosos e fiéis. Além disso, ele tinha acesso ao Palácio de Castel Gandolfo, antiga residência de verão dos papas, mas preferiu não utilizá-lo.

Seu estilo de vida discreto contrasta com os números expressivos da própria Santa Sé. Estima-se que o patrimônio do Vaticano esteja entre US$10 e US$15 bilhões, com mais de 5 mil propriedades espalhadas pelo mundo, muitas delas alugadas por valores abaixo do mercado a funcionários da Igreja.
E o herdeiro do Papa?
Como não possuía bens nem contas pessoais, o Papa Francisco não deixou herança material a herdeiros. Sua “herança”, por assim dizer, está nas ações e no legado espiritual e social que construiu ao longo de seu pontificado: uma Igreja mais aberta, voltada ao diálogo, à justiça social e ao acolhimento dos mais vulneráveis.
Sua escolha radical por uma vida sem posses é, ao mesmo tempo, um posicionamento político e teológico. E, neste momento de transição, esse exemplo se torna ainda mais poderoso — uma provocação silenciosa à forma como a fé se relaciona com o poder e com o dinheiro.