Com a recente eleição de Leão XIV como o novo papa da Igreja Católica, os holofotes se voltam novamente para o cardeal Pietro Parolin, atual Secretário de Estado do Vaticano, função que o coloca no coração do poder da Cúria Romana — e que, por isso, lhe rendeu o apelido informal de “vice-papa”.
Pietro Parolin exerce o cargo de Secretário de Estado desde 2013, tendo sido nomeado pelo papa Francisco. Na prática, Parolin atua como o principal conselheiro do pontífice, sendo o responsável pela política interna e externa da Santa Sé, similar a um primeiro-ministro dentro da estrutura eclesiástica. Comanda ainda os Dicastérios — os órgãos que auxiliam o papa na administração da Igreja — e supervisiona a diplomacia vaticana ao redor do mundo.
Apesar de ser considerado um dos principais favoritos no conclave que elegeu Leão XIV, Parolin permaneceu no cargo que ocupa há mais de uma década. Ele enfrentou resistência interna por parte de setores mais conservadores da Igreja e teve sua candidatura abalada por boatos sobre saúde frágil e críticas a sua condução diplomática, especialmente em relação ao acordo assinado com a China sobre nomeação de bispos, tema que dividiu o colégio cardinalício.
Diplomata experiente e defensor da presença global da Igreja
Natural de Schiavon, na Itália, Pietro Parolin entrou no seminário aos 14 anos e foi ordenado padre em 1980. Em 1986, iniciou carreira no serviço diplomático da Santa Sé, com passagens pela Nigéria, México e, mais tarde, pela Venezuela, onde atuou como núncio apostólico.
Entre seus principais feitos estão:
- Negociação com o Vietnã para restabelecimento de relações com a Igreja
- Diálogo entre Israel e Palestina nas comissões bilaterais
- Acordo com a China, em 2018, para regular a nomeação de bispos católicos, encerrando décadas de ruptura diplomática
- Participação em debates sobre liberdade religiosa e direitos humanos
Sua atuação lhe garantiu prestígio internacional, sendo visto como um dos rostos mais habilidosos da diplomacia vaticana contemporânea.
Conservador nos costumes, pragmático na política
Embora esteja alinhado ao papa Francisco em muitos aspectos institucionais, Parolin adota posições mais conservadoras em temas morais e doutrinários. Em 2015, por exemplo, classificou como “uma derrota para a humanidade” o resultado do referendo na Irlanda que aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Esse perfil de equilíbrio entre diplomacia global e defesa de valores tradicionais fez com que fosse apontado por muitos como uma figura de transição possível entre alas progressistas e conservadoras da Igreja — um dos fatores que o colocaram como favorito antes do último conclave.
Ainda influente
Mesmo não tendo sido escolhido papa, Pietro Parolin continua exercendo uma das funções mais poderosas e estratégicas do Vaticano, com grande influência sobre os rumos da diplomacia católica e da gestão interna da Igreja.
Atualmente, ele é membro dos principais dicastérios, como o da Doutrina da Fé, Evangelização, Igrejas Orientais, Bispos, e Culto Divino. O papel de Parolin será decisivo para o novo pontificado de Leão XIV, especialmente nas negociações internacionais e nos desafios de unidade interna da Igreja Católica no século XXI.
