O salário mínimo em 2025 foi fixado em R$ 1.518, valor R$ 7 abaixo do que poderia ter sido concedido caso não houvesse a limitação imposta pelo novo teto fiscal, aprovado no fim de 2024. A medida, que limita o crescimento das despesas públicas a 2,5% ao ano, afetou diretamente o reajuste do piso nacional, que havia sido estimado em até R$ 1.525 com base na fórmula original de valorização — inflação mais crescimento do PIB.
Ainda assim, o reajuste de R$ 106 em relação a 2024 representa um aumento de 7,5%, superando o índice de inflação medido pelo INPC, o que garante um pequeno ganho real aos trabalhadores brasileiros.
A mudança na política de valorização do salário mínimo foi consolidada na Lei nº 14.663/2023. A fórmula original considerava a inflação acumulada até novembro do ano anterior e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Com a nova legislação fiscal aprovada pelo Congresso no fim de 2024, o crescimento do PIB considerado passou a ter um limite de 2,5%, reduzindo o reajuste final.
Para quem recebe exatamente um salário mínimo, o valor líquido após o desconto do INSS (7,5%) é de aproximadamente R$ 1.404,15. Já quem ganha dois salários mínimos (R$ 3.036) sofre desconto de R$ 257,73, recebendo em média R$ 2.778,27, caso não haja outros abatimentos como vale-transporte ou plano de saúde.
Além do impacto direto no contracheque de milhões de trabalhadores, o valor do salário mínimo também influencia aposentadorias, pensões e benefícios sociais como o Bolsa Família e o BPC (Benefício de Prestação Continuada).
Reajustes futuros e críticas à limitação
Segundo as previsões do governo federal no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), o salário mínimo deve atingir R$ 1.630 em 2026, com aumentos subsequentes em 2027 (R$ 1.724), 2028 (R$ 1.823) e 2029 (R$ 1.925). Entretanto, economistas e especialistas em direito trabalhista apontam que a imposição do teto fiscal pode prejudicar a política de valorização real do salário mínimo, especialmente em anos de crescimento econômico mais robusto.
Na prática, a medida pode representar menos dinheiro circulando entre as camadas mais pobres da população, o que afeta não apenas o consumo das famílias, mas também o desempenho da economia, já que boa parte dos trabalhadores formais e beneficiários de programas sociais têm sua renda atrelada ao salário mínimo.