O Sistema Único de Saúde (SUS) vai incorporar um novo método contraceptivo a partir do segundo semestre: o Implanon, um implante subdérmico hormonal considerado um dos mais eficazes do mundo na prevenção de gestações não planejadas. A decisão foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e anunciada nesta quarta-feira (2) pelo Ministério da Saúde.
Pequeno e discreto, o bastão de 4 cm de comprimento e 2 mm de diâmetro é inserido sob a pele do braço e libera etonogestrel, substância que impede a ovulação e altera a secreção do colo do útero, dificultando a entrada dos espermatozoides. Com uma única aplicação, o implante atua por até três anos no organismo.
Da rede privada ao SUS
Até então, o Implanon era oferecido pelo SUS apenas a grupos específicos, como mulheres vivendo com HIV, presidiárias e pacientes em tratamento com antibióticos específicos. No entanto, o novo plano prevê a ampliação para todas as mulheres em idade fértil, de forma gratuita. Na rede particular, o valor do método varia entre R$ 2 mil e R$ 4 mil.
O governo estima a distribuição de 1,8 milhão de implantes até 2026, sendo 500 mil ainda neste ano, em um investimento de R$ 245 milhões. Após a publicação da portaria oficial, o Ministério da Saúde terá 180 dias para iniciar a oferta, com etapas que incluem a compra dos dispositivos, capacitação de profissionais e organização da logística de atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Mais autonomia e menos gestações indesejadas
O implante é classificado como um LARC (contraceptivo reversível de longa duração), categoria que inclui métodos mais eficazes por não dependerem de uso diário, como as pílulas, ou do uso correto a cada relação sexual, como os preservativos.
“É um avanço nas políticas de planejamento reprodutivo e no direito à escolha das mulheres. Além de prevenir a gravidez, contribui para reduzir a mortalidade materna, especialmente entre mulheres negras”, destacou Ana Luiza Caldas, secretária de Atenção Primária à Saúde.
Segundo a pasta, o Brasil tem a meta de reduzir em 25% a mortalidade materna geral e em 50% entre mulheres negras até 2027, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.