Um levantamento divulgado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) acendeu o alerta no sistema público de saúde. Entre 2015 e 2024, as internações de meninos de 10 a 19 anos por fimose, parafimose ou excesso de prepúcio cresceram 81,58%, segundo dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS.
Em dez anos, as hospitalizações saltaram de 10.677 para 19.387, somando 130.764 registros no período. O maior aumento ocorreu na faixa de 10 a 14 anos, com alta de 87,7%. Entre 15 e 19 anos, o crescimento foi de 70%.
A SBU avalia que o crescimento está ligado ao diagnóstico tardio, já que a maioria das internações ocorre em casos de cirurgia ou emergência, quando os sintomas já causam dor ou risco de complicações.
“Após a pandemia, houve uma recuperação acentuada nos registros, o que mostra que mais adolescentes estão sendo diagnosticados tardiamente”, afirmou Roni de Carvalho Fernandes, diretor da Escola Superior de Urologia da entidade.
Meninos procuram menos atendimento médico
Outro dado preocupante está na desigualdade no acesso a consultas médicas. Segundo o Ministério da Saúde, adolescentes de 12 a 18 anos vão 18 vezes mais ao ginecologista do que os meninos da mesma idade procuram um urologista. No geral, as meninas entre 12 e 19 anos buscam atendimento 2,5 vezes mais que os rapazes.
Riscos e tratamento
A fimose, quando o prepúcio não expõe a glande, deve ser tratada até os nove anos para evitar complicações futuras. Já a parafimose, quando a pele retrai e não retorna, é uma emergência médica que pode levar até à necrose do tecido. O prepúcio redundante, por sua vez, não causa dor, mas dificulta a higiene.
A falta de tratamento pode resultar em infecções, inflamações, risco de câncer de pênis e maior exposição a ISTs. Quando indicado, o procedimento cirúrgico — a postectomia — dura cerca de uma hora, tem alta no mesmo dia e recuperação completa em até 30 dias.