Em artigo publicado no Focus, Ralf Grobmann, profissional da natação alemão, propõe uma reflexão sobre o impacto profundo que o ambiente aquático tem nas crianças e como a maneira como lidamos com seu medo e insegurança pode moldar sua relação com a água. Ele critica a ideia de que o aprendizado de nadar se resume à técnica, sugerindo que a confiança e o apoio emocional são fatores fundamentais nesse processo.
Segundo Grobmann, o medo da água não deve ser tratado como uma falha ou algo a ser “corrigido” com pressa ou ordens. Em vez disso, ele propõe uma abordagem mais sensível, que reconheça o tempo e o espaço necessário para que a criança supere seus medos por conta própria.
Para ele, o papel do adulto, seja um salva-vidas ou um pai, é criar um ambiente seguro e acolhedor, onde a criança se sinta livre para explorar suas limitações, mas sem pressão.
Palavras de julgamento podem criar bloqueio
Em seu artigo, Ralf Grobmann também observa como frases de julgamento, como “todos os outros conseguem” ou “você está nos envergonhando”, podem ter efeitos devastadores. Essas frases não apenas geram insegurança, mas podem criar um bloqueio emocional que pode durar por anos, tornando a água algo a ser evitado em vez de uma área de aprendizado e confiança.
Para Grobmann, é crucial que os adultos ofereçam apoio e compreensão, dizendo coisas como “você pode, mas não precisa”, respeitando o ritmo da criança e mostrando que ela não está sozinha.
Em seu olhar, o aprendizado da natação vai além da técnica. Ele se torna uma oportunidade para ensinar sobre confiança, autoestima e o valor de enfrentar os próprios medos. E, para isso, a paciência e a presença genuína seriam indispensáveis.
Grobmann reforça que a verdadeira missão de quem trabalha com crianças na água é dar-lhes a confiança para acreditar em si mesmas – no seu próprio tempo e de forma respeitosa, sem pressões externas.