A crise diplomática entre Estados Unidos e Venezuela atingiu um novo patamar nesta semana e já gera alertas para a América do Sul. Após a destruição de uma embarcação venezuelana carregada de drogas no Caribe — operação que deixou 11 mortos, segundo Washington — o ditador Nicolás Maduro elevou o tom contra os norte-americanos e prometeu resistir a qualquer investida.
Em discurso na quarta-feira (3), durante um ato em homenagem à China, Maduro disse que a Venezuela é um povo que “ama a paz, mas é guerreiro” quando tentam tocar em seu território.
“Não haverá traidores da pátria nem império que possa profanar o solo sagrado que nos legaram os libertadores”, afirmou.
O líder chavista fez questão de destacar a aliança com Pequim, rival dos Estados Unidos, inaugurando inclusive uma praça em homenagem ao gigante asiático.
Bombardeio e sobrevoo militar
O estopim da atual crise ocorreu na terça-feira (2), quando militares americanos atacaram uma embarcação que, segundo Washington, pertencia ao grupo criminoso Tren de Aragua e havia saído da Venezuela.
Dois dias depois, caças venezuelanos armados sobrevoaram um destróier norte-americano no Caribe, em uma ação considerada “altamente provocativa” pelo Departamento de Defesa dos EUA. Em resposta, o presidente Donald Trumpordenou o envio de 10 caças F-35 para a região, além de reforçar a presença de submarinos nucleares.
Trump acusou Maduro de ser o líder do Cartel de los Soles e de controlar o Tren de Aragua, responsabilizando-o por tráfico de drogas, assassinatos em massa, tráfico sexual e terrorismo.
Para aumentar a pressão, Washington dobrou para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à captura do líder chavista. Caracas classificou a medida como “ridícula”.
Histórico de atritos
A rivalidade entre os países não é nova. Em 2017, Trump já havia falado em “opção militar” para a Venezuela. Dois anos depois, Maduro rompeu relações diplomáticas com os EUA, após o apoio de Washington ao opositor Juan Guaidó.
Em 2020, os americanos acusaram o líder chavista de narcoterrorismo e ofereceram uma recompensa de US$ 15 milhões por sua captura.