Moradores do bairro Azenha, em Porto Alegre, viveram momentos de apreensão na última segunda-feira (8). Entre as 14h e 17h, disparos de armas de fogo foram ouvidos dentro do Estádio Olímpico Monumental, antiga casa do Grêmio. Angustiados, vizinhos procuraram a Rádio Gaúcha para relatar a movimentação de pessoas armadas e fardadas no interior do espaço, fechado ao público desde 2013.
A apuração revelou que o imóvel vem sendo utilizado pelas forças de segurança do Rio Grande do Sul como campo de treinamento. Segundo o 1º Batalhão de Polícia Militar (BPM), a atividade envolveu 53 novos policiais militares e incluiu simulações de progressão tática, controle de distúrbios e entrada em edificações. O comandante da unidade, tenente-coronel Eduardo Moura Mendes, tranquilizou os moradores: “As ações ocorrem com munição não letal. Não há risco para a comunidade”.
Além da Brigada Militar, o espaço também tem servido para exercícios do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil.
O Olímpico após o adeus do Grêmio
Inaugurado em 19 de setembro de 1954, o Olímpico foi palco de conquistas históricas, como a Copa Libertadores de 1995, e abrigou a torcida gremista por quase seis décadas. O estádio foi desativado após a inauguração da Arena do Grêmio, em dezembro de 2012, e recebeu seu último jogo em fevereiro de 2013.
Desde então, a estrutura permanece sem utilização esportiva. Com arquibancadas cobertas pelo mato, concreto em deterioração e áreas tomadas por entulho, o estádio se tornou um retrato do abandono. Ainda assim, em momentos pontuais, o espaço voltou a ser utilizado, como na enchente de 2024, quando funcionou como centro de coleta de doações.
Impasses e futuro incerto
O destino do Olímpico segue envolto em um imbróglio jurídico. Pelo acordo original, o terreno seria repassado à construtora OAS em troca da participação na construção da Arena. No entanto, pendências contratuais e problemas legais travaram o processo.
De acordo com o Grêmio, a expectativa é que em outubro ocorra a troca de chaves, que transferirá oficialmente o espaço para as empresas Karagounis e OAS 26. Com isso, o clube passará a ser dono exclusivo do terreno da Arena, enquanto as forças de segurança precisarão buscar outro local para seus treinamentos.