Em outubro, o Brasil e a China assinaram um acordo inédito na área da saúde que chamou a atenção da comunidade internacional ao prever a produção conjunta de medicamentos de alto impacto, como tratamentos contra câncer, diabetes, obesidade e doenças autoimunes. O tratado foi considerado um marco na cooperação entre os dois países e na estratégia brasileira de fortalecimento da indústria farmacêutica nacional.
O acordo foi formalizado no dia 14 de outubro, durante missão oficial brasileira à China chefiada pelo então ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e envolveu a biofarmacêutica chinesa Gan & Lee Pharmaceuticals, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a empresa brasileira Biomm.
Um dos principais resultados anunciados à época foi a produção nacional da insulina glargina, medicamento de ação prolongada fundamental para o tratamento do diabetes tipos 1 e 2. A meta inicial apresentada pelo governo era a fabricação de 20 milhões de frascos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Na fase inicial do projeto, o envase e a rotulagem seriam realizados em território brasileiro, com o insumo farmacêutico ativo importado da China. Em uma etapa posterior, o plano previa a nacionalização completa da produção, a ser realizada no Centro Tecnológico em Insumos Estratégicos (CTIE) da Fiocruz, em Eusébio, no Ceará.
Transferência de tecnologia e redução da dependência externa
O memorando de entendimento firmado entre a Fiocruz e a Gan & Lee previa transferência de tecnologia e cooperação científica, considerada estratégica pelo Ministério da Saúde para reduzir a dependência brasileira de insulinas importadas e fortalecer a cadeia produtiva nacional de insumos estratégicos.
À época, a vice-presidente de Produção e Inovação da Fiocruz, Priscila Ferraz, destacou a importância da iniciativa para o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Ceis).
Cooperação ampliada e impacto internacional
O tratado integrou a agenda do governo brasileiro para fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde e posicionar o país como referência latino-americana na produção de biomedicamentos. A expectativa apresentada era de geração de economia ao SUS, redução de custos de importação e estímulo a setores como biotecnologia, logística e produção química.
Durante a missão, a delegação brasileira também realizou reuniões com órgãos do governo chinês, institutos de tecnologia, universidades e hospitais — incluindo hospitais inteligentes e de medicina tradicional chinesa. As conversas abrangeram ainda cooperações em inovação tecnológica, regulação e ampliação do acesso a insumos de ponta, além do papel do Brics, do G20 e da Organização Mundial da Saúde (OMS) na saúde global.




