O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a elevar o tom contra o governo de Nicolás Maduro, da Venezuela, e disse acreditar que o regime socialista “está chegando ao fim”. As declarações foram feitas durante entrevista ao programa “60 Minutes”, da CBS News, exibida no final de outubro.
Questionado se considera que “os dias de Maduro estão contados”, Trump respondeu:
“Eu diria que sim. Acho que sim.”
Apesar da fala dura, o republicano afirmou não acreditar em uma guerra direta entre os dois países. “Duvido disso. Não creio”, disse, ao ser perguntado sobre uma possível intervenção militar dos EUA em território venezuelano.
As declarações de Trump ocorrem em meio à presença crescente de unidades militares norte-americanas no Caribe. Segundo reportagens da imprensa dos EUA, Washington tem realizado ataques contra embarcações supostamente ligadas ao narcotráfico, em uma ofensiva batizada de “guerra ao narco-terrorismo”.
De acordo com o jornal The Washington Post e o portal The Aviation Herald, mais de 15 ações militares foram conduzidas nas últimas semanas, resultando na morte de ao menos 65 pessoas. A ONU e organizações de direitos humanos classificaram os ataques como “execuções extrajudiciais”, já que nenhuma prova pública foi apresentada sobre o envolvimento das embarcações com o tráfico de drogas.
Maduro, por sua vez, reagiu acusando Washington de usar o combate ao tráfico como “pretexto para impor uma mudança de regime e tomar o petróleo venezuelano”. O líder socialista, que governa o país desde 2013, enfrenta acusações de narcotráfico nos tribunais norte-americanos e sanções econômicas severas impostas por sucessivos governos dos EUA.
“Não direi o que faremos com a Venezuela”
Durante a entrevista, Trump evitou confirmar qualquer plano de ataque direto ao território venezuelano.
“Não estou inclinado a dizer que faria isso. E não vou dizer o que faremos com a Venezuela”, afirmou.
Mesmo assim, o tom do presidente norte-americano foi interpretado por analistas internacionais como um novo recado político — e possivelmente eleitoral — a seus aliados e críticos.
A fala reforça a postura de confronto adotada por Trump desde seu retorno à Casa Branca, especialmente em relação a governos de esquerda da América Latina e países aliados da Rússia e da China, como a própria Venezuela.
Nicolás Maduro, herdeiro político de Hugo Chávez, está no poder desde 2013 e enfrenta forte crise política, econômica e humanitária. Seu governo é contestado por grande parte da comunidade internacional, incluindo a União Europeia, os EUA e diversos países da América Latina.
Acusações sobre testes nucleares e críticas globais
Na mesma entrevista, Trump também afirmou que Rússia e China estariam conduzindo testes nucleares secretos e sugeriu que os Estados Unidos poderiam voltar a realizar testes atômicos subterrâneos, algo que não ocorre desde 1992.
“A Rússia está testando, e a China também. Eu não quero ser o único país que não testa”, disse.
A declaração causou confusão e reações de especialistas, já que os EUA são signatários do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT), que veta qualquer tipo de explosão atômica para fins militares ou civis. O secretário de Energia dos EUA, Chris Wright, tentou amenizar a polêmica ao afirmar, à Fox News, que “os testes mencionados são apenas de sistemas, não de explosões nucleares”.




