A família Trump lançou oficialmente nesta semana o Trump Mobile, novo serviço de telefonia celular que inclui o T1 Phone, um aparelho de US$ 499 promovido como “orgulhosamente projetado e fabricado nos Estados Unidos”. A promessa ambiciosa, no entanto, despertou ceticismo de especialistas, que apontam semelhanças com modelos já existentes produzidos na China.
De acordo com o anúncio feito por Donald Trump Jr. e Eric Trump, o objetivo é competir diretamente com gigantes como Apple e Samsung, oferecendo um celular com fabricação nacional e planos acessíveis, alinhando o projeto ao discurso de “trazer os empregos de volta aos EUA”.
O celular T1 terá 256 GB de armazenamento, 12 GB de RAM, sistema Android, leitor de impressões digitais e reconhecimento facial. O plano de telefonia, batizado de “47 Plan” — em alusão ao número de Donald Trump como presidente dos EUA — custará US$ 47,45 por mês, com chamadas ilimitadas, internet sem limites, ligações internacionais gratuitas para mais de 100 países e serviços como telemedicina e assistência 24h.
A promessa é de lançamento oficial em setembro de 2025, embora o site da empresa aponte agosto como possível data inicial. O aparelho virá com a frase “Make America Great Again” gravada na parte traseira, reforçando a identidade política do produto.

Projeto com aparência conhecida
Apesar do discurso de nacionalismo industrial, analistas da indústria tecnológica apontaram que as especificações do T1 Phone coincidem com as de smartphones chineses já em circulação, como o Revvl 7 Pro 5G, fabricado pela Wingtech, e o Vtex Smart Phone, listado no portal Made-in-China.
Características como tamanho da tela, capacidade da bateria e armazenamento interno são praticamente idênticos. A presença de um conector de fone de ouvido, raro nos modelos mais recentes, também reforçou a suspeita de que o T1 seria apenas uma versão modificada de um aparelho chinês já existente, apenas rebatizado com a marca Trump.
Especialistas apontam falta de estrutura nos EUA
Empresários do setor como Todd Weaver, CEO da Purism, uma das únicas empresas a fabricar celulares nos Estados Unidos, afirmam que não há infraestrutura no país atualmente para fabricar smartphones em larga escala com os prazos e preços prometidos pela Trump Mobile. Ele ainda destacou que a FTC (Comissão Federal de Comércio) impõe regras rigorosas para o uso do selo “Fabricado nos EUA”.
Especialistas e ativistas levantaram preocupações éticas quanto à iniciativa. O co-presidente do grupo Public Citizen, Robert Weissman, afirmou que o projeto pode distorcer o mercado, intimidando concorrentes e explorando politicamente a base de consumidores conservadores.
Apesar da associação direta ao nome do ex-presidente, a Trump Organization esclareceu que não fabrica nem vende diretamente os produtos. O uso da marca “Trump” foi concedido sob licença limitada, e a T1 Phone LLC é a responsável pelo desenvolvimento, fabricação e comercialização do aparelho.




