A Gerdau confirmou o encerramento do setor de cilindros de sua unidade em Pindamonhangaba (SP) até o fim de 2025. A medida, inicialmente prevista para atingir cerca de 400 trabalhadores, gerou forte reação entre os empregados e levou à deflagração de uma greve por tempo indeterminado na última segunda-feira (15).
Após dois dias de paralisação, um acordo foi aprovado em assembleia nesta terça-feira (16), reduzindo pela metade o número de demissões e estabelecendo novas condições trabalhistas.
O setor de cilindros, referência na fabricação de peças usadas por laminadores em siderúrgicas, foi considerado pela empresa como tendo margens de lucro “inadequadas”. A decisão foi criticada pelo Sindicato dos Metalúrgicos, que classificou a medida como “irresponsável”, principalmente em um período de campanha salarial.
A unidade, além de produzir aços especiais para o setor automotivo, foi reforçada em 2017 com a criação da Gerdau Summit, parceria com empresas japonesas da qual a Gerdau se tornou controladora única neste ano.
Acordo reduz impacto
Com a mobilização, o sindicato conquistou garantias importantes:
- Demissões: de 400 cortes previstos, apenas metade deve ocorrer;
- Plano de Demissão Individual (PDI): com compensações financeiras adicionais;
- Salários: reajuste de 6,40% (5,05% de inflação imediata + 1,29% de aumento real em janeiro);
- Vale-alimentação: aumento de R$ 337 para R$ 500, alta de 48%;
- Estabilidade: não haverá demissões em massa até dezembro.
Segundo André Oliveira, presidente do sindicato, a conquista só foi possível graças à paralisação:
“É uma vitória construída com adesão total dos trabalhadores. Vamos seguir negociando para reduzir ainda mais as demissões e buscar a recolocação em outras fábricas.”
Impacto regional
Mesmo com a redução das demissões, o fechamento do setor preocupa a economia local. A atividade de cilindros envolve dezenas de empresas de manutenção, ferramental e serviços, além de ter peso no Vale do Paraíba.
A decisão também ocorre em um cenário de forte competição internacional: os EUA elevaram tarifas para proteger sua indústria, enquanto o aço chinês pressiona preços no mercado brasileiro.
A unidade de Pindamonhangaba, que emprega cerca de 2.000 pessoas, continua sendo uma das maiores fábricas da Gerdau no país, mas enfrenta agora o desafio de readequar sua operação e minimizar os efeitos sociais da reestruturação.