Em uma reviravolta surpreendente, o Vaticano elegeu nesta quinta-feira (8) o cardeal norte-americano Robert Francis Prevost como novo Papa da Igreja Católica. Assumindo o nome de Leão XIV, Prevost não figurava entre os favoritos da grande mídia, mas acabou sendo o nome de consenso entre os cardeais reunidos no conclave. A escolha marca uma guinada na lista de preferências especuladas até então — e confirma o peso de bastidores e trajetórias discretas na política interna da Santa Sé.
Aos 69 anos, Prevost torna-se o primeiro papa nascido nos Estados Unidos e também o primeiro da ordem dos agostinianos a ocupar o trono de São Pedro. A decisão do colégio cardinalício representa um gesto estratégico: ele une experiência pastoral na América Latina com formação técnica e uma visão progressista alinhada à do Papa Francisco.
Um papa “das Américas”
Conhecido como o “pastor de duas pátrias”, Prevost viveu mais de uma década como missionário no Peru nos anos 80 e 90. Ali desenvolveu um trabalho pastoral nas periferias de Trujillo, além de atuar como juiz eclesiástico e professor de Direito Canônico. Essa vivência lhe deu fluência em espanhol e um forte vínculo com a realidade latino-americana — ponto valorizado no processo de eleição.
De volta aos EUA, liderou a Província Agostiniana de Chicago e, posteriormente, a Ordem dos Agostinianos no mundo, antes de ser nomeado bispo de Chiclayo pelo Papa Francisco. Nos últimos anos, ocupou um dos cargos mais influentes da Cúria Romana: prefeito do Dicastério para os Bispos, responsável por coordenar as nomeações episcopais em todo o mundo.
Mídia foi surpreendida pela escolha
A eleição de Prevost contradisse as apostas da imprensa internacional, que apontava nomes mais conhecidos e eurocentrados como favoritos. O Vaticano, no entanto, “voltou atrás” em tendências midiáticas e elegeu um nome considerado mais técnico, pastoral e com forte identidade missionária.
Apesar de não ser uma figura midiática, sua atuação nos bastidores da Igreja foi determinante: seu perfil discreto, aliado a uma gestão firme no Dicastério, o posicionou como um articulador de confiança entre os cardeais reformistas.
Desafios e continuidade
Leão XIV herda uma Igreja em transformação, pressionada por questões internas como transparência, abusos e renovação estrutural. Também enfrenta desafios geopolíticos, com crescimento do cristianismo no sul global e queda na Europa.
Analistas veem sua eleição como uma continuidade ao pontificado de Francisco, com atenção redobrada às periferias sociais, justiça migratória e reformas administrativas.
Ao proclamar o anúncio da sacada da Basílica de São Pedro, o cardeal Dominique Mamberti usou a tradicional fórmula: “Habemus Papam: Robert Francis, que escolheu o nome de Leão XIV”. A multidão na Praça de São Pedro respondeu com aplausos e emoção.