O processo para obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) no Brasil pode custar entre R$ 1.950 e R$ 4.900, dependendo do estado. A diferença de quase R$ 3 mil no valor entre as regiões é explicada por variações nas taxas dos Detrans, custos operacionais das autoescolas e carga horária obrigatória de aulas. Agora, o governo federal estuda mudanças profundas que podem baratear o processo em até 80%, com ensino teórico gratuito e flexibilização das exigências.
De acordo com levantamento do Ministério dos Transportes, o Rio Grande do Sul é o estado com a habilitação mais cara do país, com custo médio de R$ 4.951,35. Na outra ponta, a Paraíba tem o menor valor: R$ 1.950,40. São Paulo também apresenta um dos custos mais baixos, com R$ 1.983,90 para a categoria B.
A média nacional, porém, fica entre R$ 3.000 e R$ 5.000, considerando as categorias A e B combinadas. Esses valores incluem taxas públicas, exames médicos e psicológicos, aulas teóricas e práticas, além de custos administrativos das autoescolas.
Entre os itens mais caros estão as aulas práticas obrigatórias, responsáveis por cerca de 80% do custo total da habilitação.
Cada estado define suas próprias taxas e critérios por meio dos Detrans, o que resulta em disparidades regionais. Além disso, fatores como a oferta de autoescolas, custo de vida local e exigência de carga horária mínima contribuem para elevar ou reduzir o preço.
Em regiões mais remotas, a falta de concorrência também encarece o processo.
Governo quer baratear e simplificar o processo
O Ministério dos Transportes propõe um novo modelo que pretende reduzir em até 80% o custo da CNH para as categorias A (motocicletas) e B (carros de passeio). A principal mudança é tornar opcional a frequência em autoescolaspara o curso teórico, que será oferecido gratuitamente em formato digital, acessível pela Carteira Digital de Trânsito (CDT).
Além disso, a carga mínima de 20 horas de aulas práticas deixaria de ser obrigatória. O candidato poderá contratar um instrutor autônomo credenciado ou continuar optando por uma autoescola tradicional.
A expectativa do governo é ampliar o número de condutores habilitados, reduzir a informalidade e aumentar a segurança no trânsito.
Como ficará o novo modelo
- Curso teórico gratuito e digital: disponível no site do Ministério dos Transportes e na CDT.
- Aulas práticas sem carga mínima: o candidato escolhe quantas aulas fazer e com quem treinar.
- Instrutores autônomos credenciados: possibilidade de contratação direta, com menor custo.
- Autoescolas continuam autorizadas: o modelo amplia opções, mas não elimina o setor.
- Exames teórico e prático permanecem obrigatórios.
Resistência das autoescolas
A proposta enfrenta resistência da Feneauto (Federação Nacional das Autoescolas), que alerta para o possível fechamento de 15 mil centros de formação de condutores e a perda de 300 mil empregos diretos. A entidade argumenta que o fim da obrigatoriedade pode comprometer a formação de novos motoristas e reduzir a qualidade do ensino no trânsito.
O projeto, já concluído pelo Ministério dos Transportes, está em análise pela Presidência da República. Caso seja aprovado, poderá entrar em vigor em 2026.