Trabalhadores com carteira assinada agora podem pagar menos juros em empréstimos. O programa Crédito do Trabalhador, criado pelo governo federal, permite usar até 10% do saldo do FGTS como garantia para conseguir taxas menores. A novidade já substituiu mais de R$ 15,7 bilhões em contratos antigos de crédito consignado, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego.
O empréstimo só pode ser solicitado pelo aplicativo Carteira de Trabalho Digital ou em bancos credenciados. O processo funciona como um leilão: o trabalhador indica o valor que deseja e recebe propostas de diferentes instituições. Assim, pode escolher a taxa mais vantajosa.
As parcelas são descontadas diretamente na folha de pagamento registrada no eSocial, com limite de 35% da remuneração. Segundo o governo, o risco menor de inadimplência torna os juros mais baixos que os do consignado tradicional. Em caso de demissão, a multa rescisória pode ser usada para quitar a dívida.
Quem pode se beneficiar
A modalidade é indicada para quitar dívidas caras, como cartão de crédito rotativo, cheque especial e CDC, afirma a planejadora financeira Leticia Camargo, da Planejar.
“Na ausência de reserva financeira, esse formato é mais favorável do que as opções comuns do mercado”, explica.
Por outro lado, não é recomendada para aposentados que já usam o consignado do INSS, que tem taxas ainda menores.
Como migrar contratos antigos
Desde abril, trabalhadores que tinham empréstimos em convênios diretos com empresas podem migrar para o Crédito do Trabalhador. O pedido pode ser feito nos aplicativos dos bancos, presencialmente nas agências ou pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital.
O banco de origem pode apresentar uma contraproposta. Caso não cubra a oferta, deve liberar a portabilidade. O processo leva, em média, de sete a dez dias úteis.
O que avaliar antes de contratar
Especialistas recomendam cautela antes de fechar negócio. Segundo o consultor Jorge Kotz, do Grupo X, é fundamental:
- Conferir o saldo devedor, taxas, CET e prazo da dívida atual;
- Comparar não só os juros, mas também o Custo Efetivo Total;
- Calcular o impacto no orçamento mensal e no valor total pago;
- Observar a reputação do banco de destino.
“O objetivo deve ser gerar economia real e aliviar o orçamento. Se a troca não trouxer fôlego financeiro, pode não valer a pena”, alerta Kotz.