O escândalo dos descontos indevidos em benefícios do INSS gerou uma crise de confiança entre milhões de aposentados e o governo federal. Com prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões, o caso envolve entidades suspeitas de fraudes, contratos suspensos e uma corrida contra o tempo para compensar as vítimas — mas ainda há muitos obstáculos entre a promessa e a prática.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já determinou que o pagamento seja feito “com agilidade”, mas o desafio é estrutural. A primeira dificuldade é de ordem fiscal: de onde sairá o dinheiro para ressarcir os aposentados? Se for do Tesouro Nacional, o custo será diluído entre todos os brasileiros, o que reacende o debate sobre a responsabilidade pelo rombo.
Além da origem dos recursos, há também dúvidas quanto à forma de comprovar a ausência de consentimento. Em muitos casos, os aposentados foram induzidos ou não compreenderam o que estavam autorizando.
A Controladoria-Geral da União (CGU) reconhece que nem todo desconto foi ilegal, e o processo de identificação dos reais prejudicados ainda está em andamento. A estimativa mais recente é que menos da metade dos R$ 6,3 bilhões envolva, de fato, vítimas de fraude.
Ressarcimento caminha aos poucos
Outro ponto ainda indefinido é o valor do ressarcimento: será apenas o montante descontado ou incluirá correções? E quem já acionou a Justiça terá que desistir da ação para ser reembolsado diretamente?
O presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, afirmou que os pagamentos serão feitos exclusivamente na conta do benefício, descartando Pix, saques em banco ou transferências para outras contas — uma forma de prevenir novos golpes.
Segundo Waller, o plano de ressarcimento deve ser finalizado nos próximos dias, após reunião com Lula e ministros no Palácio da Alvorada. A intenção inicial era iniciar os reembolsos já em maio, mas isso depende da conclusão dos estudos técnicos e jurídicos.
A urgência é grande: além de reparar danos aos aposentados, o governo tenta conter o desgaste político causado pela crise.