A morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, após quatro dias isolada em uma encosta do Monte Rinjani, na Indonésia, levantou questionamentos importantes sobre os limites do corpo humano sem acesso a água e comida. Segundo relatos das autoridades locais, a jovem ficou ao relento, sem alimentação, hidratação ou proteção contra a variação climática, enquanto aguardava o resgate que só aconteceu dias depois.
A causa exata da morte ainda não foi oficialmente divulgada, mas o cenário de privação total trouxe o debate sobre quanto tempo uma pessoa pode resistir sem os recursos básicos para a vida. Especialistas afirmam que, embora existam variações conforme o estado físico e o ambiente, o corpo humano tem limites bem definidos quando privado de água e alimento.

Água: o primeiro e mais urgente limite
A água é absolutamente vital. Mais de 70% do corpo humano é composto por ela, e funções como circulação, regulação de temperatura, digestão e funcionamento celular dependem diretamente da sua presença. Conforme o Manual MSD, usado como referência médica global, a desidratação severa inicia um efeito dominó no organismo: a água é transferida das células para a corrente sanguínea na tentativa de manter a pressão arterial. Em pouco tempo, os tecidos secam, as células encolhem e os órgãos começam a falhar.
Estudos indicam que a média de sobrevivência humana sem água gira em torno de três a quatro dias. Após esse período, surgem sintomas graves como:
- Sede intensa e tontura
- Confusão mental
- Pele seca e descorada
- Risco de falência hepática e renal
Diferentemente da privação de alimentos, o corpo não possui mecanismos compensatórios eficazes contra a falta de hidratação. Sem água, a morte pode ser rápida, silenciosa e inevitável.
Sem comida: corpo pode resistir mais, mas não por muito tempo
A ausência de alimento impõe outro tipo de estresse ao organismo, mas os efeitos são mais lentos que a desidratação. O corpo entra em estado de jejum extremo, passando a consumir primeiro a glicose, depois as reservas de gordura e, por fim, a massa muscular. Esse processo é chamado de cetose, e permite que o organismo funcione, ainda que de maneira debilitada, por semanas.
Pesquisas com prisioneiros em greve de fome e estudos médicos mostram que um ser humano pode sobreviver entre 28 a 45 dias sem comida, dependendo de fatores como idade, peso, estado de saúde e acesso à hidratação.
Entretanto, os efeitos são devastadores com o tempo:
- Fraqueza extrema e tonturas constantes
- Perda muscular acelerada
- Queda da imunidade
- Problemas cardíacos e neurológicos
- Risco de morte após 40 a 50 dias sem ingestão calórica
No caso de Juliana, a privação alimentar e a desidratação foram acompanhadas da exposição a variações extremas de temperatura, falta de abrigo e estresse físico. Esse conjunto de fatores acelera o colapso do organismo. Especialistas alertam que, sem proteção adequada, o corpo humano pode não suportar sequer os três dias críticos sem água, principalmente em regiões montanhosas ou com clima severo.