A travessia entre Santos e Guarujá, que hoje pode levar até uma hora pelo asfalto e cerca de 20 minutos de balsa, deve ser reduzida para apenas dois minutos graças ao primeiro túnel submerso do Brasil. O projeto, aguardado há quase um século, saiu do papel nesta sexta-feira (4), com a vitória da empresa portuguesa Mota-Engil no leilão realizado na B3, em São Paulo.
Com 1,5 km de extensão, sendo 870 metros submersos, a passagem ficará a 21 metros de profundidade e será formada por seis módulos de concreto pré-moldados. A técnica, utilizada em países como Dinamarca e Japão, consiste em fabricar as peças em terra firme, transportá-las por flutuação e afundá-las no leito do canal, onde serão encaixadas e cobertas por camadas de areia e pedras.
O túnel permitirá a circulação de pedestres, ciclistas, carros, caminhões e transporte público. Atualmente, cerca de 78 mil pessoas atravessam diariamente entre os dois municípios.
Investimento bilionário e prazo
O investimento estimado é de R$ 6,8 bilhões, em parceria entre governos federal, estadual e a iniciativa privada. O contrato de concessão terá duração de 30 anos, incluindo a construção, operação e manutenção.
De acordo com o governo de São Paulo, as obras devem ser concluídas até 2030, com abertura prevista para 2031. O projeto já é considerado a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Disputa política e marco histórico
A construção do túnel foi alvo de disputas de protagonismo entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), provável adversário na eleição de 2026. Apesar disso, ambos destacaram a importância da colaboração institucional para viabilizar a obra.
“A construção do túnel Santos-Guarujá é um marco para a mobilidade do estado e para o Brasil”, afirmou o vice-presidente Geraldo Alckmin, que representou o governo federal no leilão.