A aguardada rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia, marcada para esta quinta-feira (15) em Istambul, fracassou antes mesmo de começar. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, cancelou sua ida após o Kremlin confirmar que Vladimir Putin não participaria do encontro. A ausência dos dois principais líderes do conflito reduziu as expectativas de avanço nas conversas por um cessar-fogo de 30 dias, proposto pela Turquia e apoiado por potências ocidentais.
Zelensky chegou a se reunir com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em Ancara, onde discutiu temas como garantias de segurança, reconstrução da Ucrânia e a retirada de minas marítimas. Em mensagem publicada nas redes sociais, ele agradeceu o apoio da Turquia, mas criticou a Rússia por enviar uma delegação de “baixo escalão”, chefiada pelo assessor presidencial Vladimir Medinsky.
“Mais uma vez, Moscou mostra que não quer acabar com a guerra”, afirmou.
Volodymyr Zelensky
Negociações esvaziadas e impasse político internacional
Enquanto cerca de 200 jornalistas aguardavam diante do Palácio Dolmabahçe, em Istambul, a reunião foi adiada para sexta-feira, aumentando a incerteza sobre o futuro das tratativas. A expectativa de uma reunião trilateral com Donald Trump, que sugeriu sua presença caso Putin participasse, também não se concretizou. “Nada vai acontecer até que Putin e eu estejamos juntos”, declarou o presidente dos EUA, reforçando o impasse diplomático.
Autoridades americanas, como o secretário de Estado Marco Rubio, chegaram à Turquia para participar de encontros paralelos com delegações da Otan e da Ucrânia. Apesar disso, o governo dos EUA indicou que uma resolução efetiva só será possível com a presença de Putin e Trump nas negociações. A proposta de cessar-fogo ganhou força após pressões de países europeus, como França, Alemanha e Reino Unido, que ameaçaram novas sanções caso Moscou não aceitasse os termos.
Frustração e desconfiança marcam mais uma tentativa frustrada de paz
A proposta de diálogo direto entre os chefes de Estado foi inicialmente levantada pelo próprio Putin, mas sua recusa de última hora em comparecer minou a confiança de Kiev. Zelensky, por sua vez, destacou que estava disposto a negociar pessoalmente, mas apenas se Putin estivesse presente.
“Não faz sentido prolongar os assassinatos. Eu o esperaria na Turquia. Pessoalmente”, declarou.
A última reunião entre Putin e Zelensky ocorreu em dezembro de 2019, e desde então, as conversas diretas foram interrompidas. O fracasso da tentativa atual evidencia a complexidade dos esforços para encerrar uma guerra que já dura mais de dois anos e que continua custando vidas diariamente no leste da Ucrânia. A ausência de compromissos concretos deixa a resolução do conflito mais distante, mesmo diante de pressões internacionais crescentes por uma trégua.




