As mães beneficiárias do Programa Bolsa Família estão conquistando espaço no mercado de trabalho formal. Segundo estudo do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS), houve um aumento de 7,4% no índice de empregos formais entre essas mulheres, em comparação ao período anterior ao recebimento do benefício.
O levantamento, publicado na 40ª edição dos Cadernos de Estudos do MDS, revela que os efeitos são mais significativos entre mães de crianças de 3 a 6 anos, fase em que a cobertura educacional pública ainda não é universal.
A pesquisa mostra que o Bolsa Família não apenas garante comida na mesa, mas também reduz barreiras para que mulheres ingressem no mercado de trabalho. Entre as beneficiárias, a probabilidade de se declararem indisponíveis para aceitar emprego caiu em 4,2 pontos percentuais.
Enquanto um terço das mulheres no país afirma não poder trabalhar por conta de cuidados domésticos, esse número cai significativamente entre as participantes do programa. “Essas mulheres demonstram desejo de romper vulnerabilidades e encontrar caminhos no mercado de trabalho”, afirmou Eliane Aquino, secretária nacional de Renda de Cidadania do MDS.
Condicionalidades impulsionam educação
Outro ponto central é a ligação entre emprego das mães e a matrícula escolar dos filhos. Para manter o benefício, o programa exige frequência escolar mínima de 60% para crianças de 4 e 5 anos e de 75% para alunos de 6 a 18 anos.
Esse acompanhamento favorece que as mães conciliem responsabilidades de cuidado com oportunidades profissionais, ampliando o impacto social do programa.
Histórias de mudança
A experiência de Elizângela da Silva, 40 anos, mãe de quatro filhos e ex-beneficiária, reflete os dados da pesquisa. “Quando tive meus dois primeiros filhos, passamos fome. O Bolsa Família me ajudou muito. Com o tempo que as crianças estavam na escola, fiz cursos e consegui emprego. Hoje, não preciso mais receber e torço para que outras mães tenham a mesma oportunidade”, relatou.
Redução da pobreza e novos ajustes
Dados do governo mostram que o Bolsa Família também contribuiu para reduzir a taxa de pobreza para 27,4% e a de extrema pobreza para 4,4% em 2023, os menores índices dos últimos anos.
Com a atualização automática do Cadastro Único, cerca de 8,6 milhões de famílias deixaram o programa desde 2023devido ao aumento de renda. Para famílias que ultrapassam o limite, o governo criou regras de transição, permitindo receber metade do benefício por até 12 meses.
Inclusão e igualdade de gênero
O estudo conclui que os domicílios beneficiários têm 11,5 pontos percentuais a mais de chances de gastar com educação, principalmente em pré-escola, atividades extracurriculares e material escolar.
Na prática, o Bolsa Família tem se mostrado mais do que um auxílio financeiro: é um instrumento de inclusão social e igualdade de gênero, ajudando mães a superar a pobreza e a conquistar autonomia no mercado de trabalho.
