Se você tem o hábito de tirar uma soneca depois do almoço, atenção: esse costume pode estar associado a riscos maiores do que você imagina. Um novo estudo apresentado no congresso Sleep 2025, promovido pela Academia Americana do Sono, alerta que cochilar à tarde, especialmente por períodos longos e em horários irregulares, pode estar ligado ao aumento da mortalidade entre adultos de meia-idade e idosos.
A pesquisa, publicada no periódico Sleep, envolveu mais de 86 mil participantes do UK Biobank, com idade média de 63 anos e sem histórico de trabalho noturno. Ao longo de oito anos de acompanhamento, os pesquisadores identificaram padrões de cochilos diurnos por meio de dispositivos de monitoramento de atividade (actígrafos), além de considerar diversos fatores de saúde e estilo de vida.
Segundo o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA), adultos devem dormir entre 7 e 9 horas por noite. A privação do sono noturno não deve ser compensada apenas com cochilos diurnos, já que o sono noturno é essencial para a recuperação metabólica, cognitiva e imunológica.
Cochilos longos e irregulares: sinal de alerta
Durante o estudo, os cochilos foram classificados de acordo com:
- Duração média
- Variação de duração ao longo dos dias
- Horários em que ocorriam (das 9h às 19h)
Entre os 2.950 participantes que morreram durante o período, a maioria cochilava por mais tempo, em horários variáveis e especialmente entre 11h e 15h — o que levantou suspeitas sobre um possível indicador precoce de problemas de saúde.
Efeitos no corpo e na mente
Embora o estudo não comprove relação de causa e efeito, os resultados reforçam descobertas anteriores que associam sonecas prolongadas a:
- Maior índice de massa corporal (IMC)
- Aumento da circunferência abdominal
- Picos de glicose e pressão arterial
- Maior risco de demência
Outras pesquisas sugerem que cochilos curtos e planejados, de até 30 minutos, podem ser benéficos, ajudando a reduzir a pressão arterial e a melhorar a atenção. O problema parece estar na frequência, duração e variabilidade dos cochilos — o que pode indicar alterações neurobiológicas, inflamações ou instabilidade metabólica, principalmente em adultos mais velhos.