BC não descarta intervenção no câmbio

26 de abril de 2019 às 0h05

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Crédito: Enildo Amaral/BCB.

São Paulo – O diretor de política monetária do Banco Central, Bruno Serra Fernandes, afirmou ontem que a autoridade monetária não tem “preconceitos” em relação ao uso de qualquer instrumento cambial e deu destaque à possibilidade da oferta de linhas em meio à alta do dólar para a casa dos R$ 4.

“É importante registrar que não temos qualquer preconceito em relação à utilização de qualquer instrumento, quando e se as condições para tal estiverem presentes”, disse ele, em discurso em evento em São Paulo, segundo nota divulgada pelo BC.

“Entender o ambiente econômico em que estamos inseridos e, quando necessária, buscar a forma mais eficiente de intervenção, é dever do Banco Central”, completou.

O dólar superou o patamar psicológico de R$ 4 logo na abertura no pregão de ontem e, no meio da manhã, tinha pouca variação. A última vez que a moeda norte-americana fechou na casa dos R$ 4 foi em 1º de outubro do ano passado (R$ 4,0183).

Fernandes citou como instrumentos de intervenção, sem prejuízo ao regime de câmbio flutuante, os swaps cambiais, a oferta de linhas em dólar e os leilões de spot, ressalvando que estes últimos vêm sendo pouco usados devido ao desenvolvimento do mercado brasileiro de câmbio.

O diretor destacou ainda que a perda de atratividade relativa do financiamento externo tem contribuído para a redução da liquidez em moeda estrangeira no País, afetando o seu custo, mas que ainda não está claro por quanto tempo irá durar essa mudança de ambiente.

“De qualquer forma, nosso colchão de reservas e as características dos instrumentos que temos disponíveis, em especial a oferta de linhas, nos dão bastante espaço para atuar neste mercado, de forma a atenuar os efeitos da maior escassez de liquidez em dólares no mercado local”, disse ele.

Para ele, a percepção de segurança externa da economia brasileira garante a expectativa de aumento do influxo de investimentos internacionais no Brasil, desde que as reformas, destacadamente as fiscais, sejam aprovadas.

Compulsórios – Fernandes destacou que uma definição de forma mais clara do papel dos compulsórios é algo a ser buscado agora pelo BC, após as simplificações realizadas nos recolhimentos nos últimos anos. O objetivo é atingir níveis mais compatíveis com o de outros países.

“O aprimoramento das linhas de assistência financeira de liquidez, com maior facilidade de acesso por parte dos agentes, pode ainda colaborar para reduzir a necessidade de manutenção de compulsórios como instrumento macroprudencial”, disse.

Conversibilidade – O diretor apontou ainda a conversibilidade do real como um dos principais objetivos do BC no momento, ainda que esse seja um processo de longo prazo e dependa de questões como a estabilidade monetária e a aprovação e implementação das reformas.

“Outro fator precedente, se não necessário, ao menos desejável, seria a reconquista do grau de investimento pelo Brasil”, pontuou ele, citando o objetivo de incluir mais participantes no mercado de câmbio.

“Hoje temos 187 instituições autorizadas pelo Banco Central a operar moeda estrangeira no mercado à vista. A título de comparação, cerca de 1.000 instituições são autorizadas a prestar serviço bancário no País. Em um mercado onde a moeda é conversível, não há sequer a necessidade de autorização específica para realização de operações de câmbio, sendo este de livre acesso”, disse.

O primeiro passo a ser dado nessa frente, de acordo com Fernandes, é a reavaliação do arcabouço legal, dado que muitas das normas vigentes não acompanharam a evolução do mercado de câmbio. (Reuters)

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