Bolsonaro volta a falar em exploração mineral em reservas na Amazônia

13 de abril de 2019 às 0h03

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Crédito: Picasa

Brasília – O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender, na sexta-feira, a exploração de recursos naturais e citou a Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), cuja tentativa de extinção pelo governo passado gerou repercussão internacional negativa.

Em discurso durante cerimônia de inauguração do novo aeroporto de Macapá, Bolsonaro disse que as riquezas “que Deus nos deu” serão utilizadas por seu governo para o “bem-estar da população”. O presidente já disse diversas vezes que defende uma exploração “racional” da Amazônia.

“A Renca é nossa”, afirmou. “Vocês não terão problema com o ministro do Meio Ambiente, nem com o de Minas e Energia, nem com outro qualquer, porque o nosso ministério, pela primeira vez na República, todos se entendem e todos falam a mesma língua: um Brasil melhor para todos nós”, disse.

A Renca é uma área de mais de 46 mil quilômetros quadrados criada em 1984 e bloqueada aos investidores privados, o que significa que só o governo pode conduzir trabalhos de pesquisa geológica para avaliar ocorrências de cobre e minerais associados, de acordo com o Ministério de Minas e Energia.

Após o estabelecimento da reserva, foram criadas reservas indígenas e unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável, que restringem a mineração na área.

Em setembro de 2017, o governo do então presidente Michel Temer emitiu um decreto que extinguia a Renca com a alegação da necessidade de “atrair investimentos para o setor mineral, inclusive para explorar o potencial econômico da região”, mas a medida foi desfeita após repercussão negativa entre ambientalistas do Brasil e do exterior.

Museu Americano – O Museu Americano de História Natural disse nesta sexta-feira que está “preocupado” com um evento agendado para o museu, localizado em Nova York, que homenageará o presidente Jair Bolsonaro como “pessoa do ano”, uma medida que causou revolta na internet.

A Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos realizará seu evento anual de gala “Pessoa do Ano” no museu no dia 14 de maio, durante o qual entregará a honraria a Bolsonaro, segundo o site da câmara. A homenagem normalmente é dada a um brasileiro e um norte-americano todos os anos, mas o norte-americano agraciado em 2019 não foi anunciado.

Bolsonaro, que moldou sua campanha eleitoral do ano passado na do presidente dos EUA, Donald Trump, cogitou tirar o Brasil do Acordo de Paris sobre a mudança climática e repudia o que vê como multas indiscriminadas contra crimes ambientais.

Ele continua apoiando a mineração e outros empreendimentos na região da floresta amazônica, considerada por muitos cientistas como a maior defesa natural do mundo contra a mudança climática.

“O evento externo e privado no qual o atual presidente do Brasil será homenageado foi agendado no Museu antes de o contemplado estar decidido”, disse o museu em sua conta oficial de Twitter. “Estamos profundamente preocupados, e estamos analisando nossas opções.”

O gabinete de Bolsonaro e a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos não responderam de imediato a um pedido de comentário.

Entre as reações ao tuite do museu estão centenas de mensagens pedindo o cancelamento do evento, e pessoas que se identificaram como ativistas e acadêmicos disseram ser inadequado Bolsonaro ser homenageado em uma instituição científica devido às suas opiniões.

“Certamente é causa de revolta”, disse Philip Fearnside, professor norte-americano do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia do Brasil e um dos especialistas da floresta mais citados, em uma entrevista por telefone.

“Ele nega a existência da mudança climática antropogênica e indicou vários outros negacionistas para seu gabinete”, disse Fearnside. “E também está desmantelando as proteções ambientais no Brasil… então, obviamente, não é algo para ser comemorado pela ciência.” (Reuters)

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