EDITORIAL | Um jogo de faz de conta

12 de julho de 2019 às 0h02

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Crédito: Luis Macedo/Agência Câmara

A corda foi sendo esticada, e faz tempo, até chegar bem próximo do limite da ruptura. Foi nesse contexto que a reforma do sistema previdenciário brasileiro foi ganhando espaço e chegando ao centro das discussões. Além de um preocupante déficit, em regime de expansão continuada, ficou evidente que em muito pouco tempo faltariam recursos para custear o sistema, que estaria consumindo toda a receita pública. É nesse contexto que as discussões avançam, embora a conversa dos senhores parlamentares muitas vezes não pareça ter nexo, tanto que permanece o risco de que ao fim e ao cabo privilégios e privilegiados permaneçam praticamente intocados.

Difícil entender como a insensibilidade, se não a irresponsabilidade, possa chegar a esse ponto. Houvesse outra atitude, marcada pelo compromisso sincero, e não seria nada difícil chegar rapidamente ao ponto, economizando tempo e discussões inúteis. Vejamos: dizem os homens do governo, dizem alguns estudiosos, que as despesas previdenciárias comprometem a renda nacional, consumindo recursos que deveriam ser investidos em áreas críticas, como saúde, educação e segurança. Os argumentos são repetidos à exaustão, mas não bastam para calar aqueles que não enxergam as distorções existentes. Por exemplo, e como já foi apontado, todo esse estrago, que se não for detido, pode destruir o País, é causado para que sejam atendidos apenas 10%, pouco mais pouco menos, dos brasileiros. Algo como 30 milhões de brasileiros no regime privado e mais um milhão no regime público, onde residem os marajás da República.

O País, se a rota não for corrigida sem desvios e sem armadilhas, está seriamente ameaçado, faltarão recursos para sustentar as aposentadorias e pensões de milhões de miseráveis, tal e qual para os privilegiados que continuam agarrados às suas vantagens. Direitos adquiridos? É bem possível, quase certo, que o possível alívio, se vier mesmo, será apenas momentâneo e que em pouco tempo o desequilíbrio estará de volta. A ideia de um país melhor e mais equilibrado, para os donos do poder, é apenas retórica, muitíssimo bem confirmada pela preocupação em não desagradar – ainda que iludindo – eleitores.

Como não enxergar a realidade tal como ela se apresenta? Como de fato deixar de perceber quais são os verdadeiros problemas? Continuam faltando respostas que mereçam consideração, mesmo ainda que produzam esperança e confiança, sem o que continua sendo utópico pensar numa sociedade mais equilibrada e justa, capaz de utilizar suas potencialidades, que são muitas, para produzir prosperidade e justiça.

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