PRODUTIVIDADE DO TRABALHO: foco tem que ser no desenvolvimento de competências

29 de junho de 2019 às 0h27

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Crédito: ENOTAS

O cenário da produtividade do trabalho no Brasil é de estagnação. Informações do Conference Board de 2018 apontam que, nos últimos 28 anos, o País não tem conseguido evoluir nesse aspecto. Além disso, a produtividade do trabalho brasileira é uma das menores na América Latina, à frente somente da Venezuela e do Peru.

A “Pesquisa Educação e Produtividade do Trabalho”, realizada em 2015 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com empresários, questionou o impacto da baixa qualidade da educação na produtividade do trabalho.

Entre as principais respostas foram citadas a dificuldade para aprender novas funções e novas tecnologias, o maior tempo para desempenho de tarefas, o desperdício de material, a dificuldade para tomar decisões e para produzir novas ideias, além da resistência ao novo, problemas na rastreabilidade de processos e aumento no risco de acidentes.

Além da produtividade do trabalho, o Brasil também apresentou desempenho negativo no Índice Global de Competitividade divulgado pelo World Economic Forum (WEF) em 2018 e no Índice Global de Inovação, elaborado pela Cornell University, Insead e The World Intellectual Property Organization (Wipo) no ano passado.

Em oito anos, o índice de competitividade caiu 19 posições enquanto o indicador de inovação teve queda de 17 posições. “O debate sobre a educação nunca foi tão relevante e necessário, principalmente diante desse cenário”, alerta especialista em Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ana Luiza Snoeck.

Novos desafios – Organismos internacionais de maneira geral têm realizado um conjunto de estudos para levantar as novas habilidades requeridas aos trabalhadores. O que se constata, segundo a especialista da CNI, é que as ocupações que envolvem atividades rotineiras e repetitivas, sejam manuais ou cognitivas, estão sendo substituídas por aquelas que demandam habilidades analíticas e envolvem um nível de trabalho interpessoal maior com mais complexidade.

Ana Luiza Snoeck avalia que essa mudança que acontece na Indústria 4.0 também já atinge outros setores como agricultura, medicina, direito e serviços, com consequências que já podem ser observadas. O relatório “The future of Jobs”, apresentado no WEF de 2016, indica que 65% das crianças que estão na escola hoje vão desempenhar ofícios completamente novos que ainda são desconhecidos.

“É preciso focar no desenvolvimento de competências porque o conhecimento vai sofrer alterações. Precisamos desenvolver a capacidade de aprender para que, a cada mudança, as pessoas estejam preparadas para praticar novas

Ainda nesse contexto, as pessoas vão trocar de ocupação e desempenhar diferentes funções no decorrer da vida profissional, o que torna a aprendizagem no longo prazo fundamental. Ana Luiza Snoeck considera que os avanços na andragogia, a pedagogia dos adultos, são fundamentais para entender melhor como os profissionais aprendem e como é possível motivá-los a continuar aprendendo para atender essa nova realidade.

“O cenário no qual a pessoa tinha a mesma profissão por muitos anos até se aposentar não é mais uma realidade. As pessoas estão mudando de ocupação e, dentro de um mesmo emprego, surgem novos desafios e novas tecnologias e o profissional precisa estar constantemente aprendendo”, concluiu.

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