Leite brasileiro mais competitivo

22 de setembro de 2018 às 0h01

Savio Santiago*

Com o objetivo de aumentar a produtividade e melhorar a qualidade do leite, em 2015, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento iniciou o programa Mais Leite Saudável para o setor lácteo. O incentivo fiscal oferece crédito presumido de PIS e Cofins na compra de leite in natura para as indústrias que submeterem projetos de ampliação de investimento no campo. O projeto, que já impactou 7 mil produtores, tem modernizado a cadeia, que é formada em sua maioria por pequenos produtores, com pouca capacidade de investimento.

Com dimensões continentais e condições climáticas favoráveis, o Brasil tem potencial para se tornar o maior produtor mundial de leite. No entanto, a realidade na produção era preocupante, com uma atividade em sua maioria amadora, ineficiente e que propiciava matéria-prima final de baixa qualidade e pouca competitividade no ambiente internacional.

Nesse contexto, a criação do Programa Mais Leite Saudável foi uma prova de que o Estado pode promover políticas de médio e longo prazos que tragam desenvolvimento e sustentabilidade, melhorando a qualidade do produto. Esse estímulo visa diminuir a discrepância que existe no setor referente ao emprego de tecnologia no campo e educação continuada em qualidade do leite, gestão e genética.

Na Verde Campo, empresa de laticínios saudáveis, já tínhamos um sistema de certificação e fomento de boas práticas – sociais, ambientais, produtivas e de bem-estar animal para os nossos parceiros. Nosso modelo premia os produtores que se adequarem a esses quatro fatores. Além disso, a capacitação em boas práticas de produção tem gerado uma política de alta produtividade. Nosso programa – o pioneiro do mercado – teve início em 2012. Mesmo assim o Programa Mais Leite Saudável foi um divisor de águas na efetividade dos resultados obtidos.

Basicamente, o leite, para ser caracterizado como de boa qualidade, deve apresentar reduzida contagem de células somáticas (CCS), baixa contagem de bactérias (CBT) e ausência de agentes contaminantes (antibióticos, pesticidas etc.). Esse produto de qualidade é resultado de condições adequadas de higiene, vacas sadias, bem alimentadas e descansadas.

No primeiro projeto com um grupo de produtores para redução da CCS, que indica a saúde mamária da vaca, conseguimos melhorar o índice em mais de 60%. Sendo a mastite a principal causa da inviabilidade de fazendas leiteiras, o projeto foi altamente efetivo. Já a CBT, conseguimos atingir um nível 30 vezes maior do que a média do Brasil e 10 vezes melhor que o máximo permitido na união europeia.

Após um ano do projeto “Melhoramento Genético de Lavras e Região” já entregamos aos nossos parceiros quase 500 embriões de origem melhorada em produção de leite, sólidos e conformação. Produtores pequenos que nunca tiveram acesso à inseminação artificial receberam embriões oriundos de vacas mantidas em um “banco genético” – subsidiado pelo projeto – com sêmen de touros da mais alta linha.

Várias indústrias – por meio do estímulo fiscal – passaram a executar projetos de qualidade do leite e gestão de fazendas. Se o impacto foi grande nos produtores da Verde Campo, que sempre tiveram a presença da empresa em suas fazendas, no caso dos produtores dessas indústrias, certamente, o benefício foi a porta de entrada para o sucesso na produção de leite rentável e de qualidade.

É evidente que o Mais Leite Saudável é mais do que um programa de benefício fiscal, mas uma ação estratégica bem planejada e efetivamente executada. Uma iniciativa que pode representar a mudança do setor leiteiro, incluindo o Brasil no cenário competitivo internacional, e levar qualidade no que consumimos.

* Gerente de Captação de Leite da Verde Campo

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