Produção cafeeira será menor em 2022

Apesar da bienalidade positiva, condições climáticas, segundo a Conab, não foram favoráveis ao cultivo do grão em Minas Gerais

21 de setembro de 2022 às 0h30

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Estado irá colher na atual temporada um total de 22,03 milhões de sacas de 60 quilos de café | Crédito: Roosevelt Cassio/Reuters

As condições climáticas desfavoráveis impactaram de forma significativa a produção de café em Minas Gerais. O 3º Levantamento da Safra de Café elaborado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostrou que houve uma redução considerável no potencial produtivo, fazendo com que uma safra esperada de bienalidade positiva ficasse aquém do volume colhido na temporada anterior, que era de bienalidade negativa. Na safra 2022, o Estado irá colher um total de 22,03 milhões de sacas de 60 quilos de café, uma queda de 0,5% frente à safra anterior. 

A área de cultivo foi ampliada em 3,8% e alcançou 1,01 milhão de hectares. Porém, a ampliação de área não foi suficiente para cobrir as perdas de produtividade. As geadas, secas e chuvas em excesso enfrentadas nas regiões produtoras ao longo do ciclo reduziram em 4,2% a produtividade, que ficou em 21,7 sacas de 60 quilos por hectare. 

A produção da espécie arábica foi muito afetada pelo clima e, ao invés de aumento na colheita do café devido ao período que seria de safra positiva, houve redução. Agora, é esperado um volume de 21,7 milhões de sacas para esta temporada, redução de 0,5% se comparada com as 21,8 milhões de sacas do ano passado, período de bienalidade negativa da cultura.

A produtividade do café arábica foi reduzida em 4,1%, com a colheita de 21,6 sacas de 60 quilos por hectare. A queda  na produção só não foi maior devido ao aumento da área, que passou de 970,9 mil hectares para atuais 1,007 milhão de hectares, variação positiva de 3,8%.

A produção do café conilon também foi afetada e apresenta, praticamente, estabilidade, com pequeno recuo de 0,1% e colheita estimada em 283,1 mil sacas de 60 quilos. A produtividade, calculada em 29,2 sacas por hectare, caiu 12,2%. Na atual temporada, a área de cultivo do café foi ampliada em 13,7%, chegando a 9,7 mil hectares. 

O diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Conab, Sergio De Zen, explica ainda que o ano-safra do café foi bastante impactado pelo clima, o que gerou frustração uma vez que o ano seria de bienalidade positiva. Porém, em relação ao mercado, houve uma sustentação dos preços, o que foi interessante para os cafeicultores. 

“O ano foi cheio de intercorrências climáticas, com frio, geadas, secas e excesso de chuvas. Tudo isso resultou em perdas. Essas perdas mexem com expectativas de mercado, principalmente, no café arábica, que foi muito mais prejudicado. Se por um lado tem frustrações já que poderíamos ter produzido muito mais, por outro temos um ambiente razoavelmente consistente para a sustentação dos preços do café”, disse.

Colheita do café em fase final

O gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Rafael Fogaça, explica que, em Minas Gerais, a colheita do café já caminha para a conclusão. O processo foi favorecido pelo clima mais seco, que permitiu sua aceleração. 

“Minas Gerais concentra quase 70% da produção de café arábica do Brasil. O Estado registrou uma redução de produtividade em relação ao ano passado, o que não era esperado por estarmos em ano de bienalidade positiva. Este ano, a expectativa era de maior produtividade, mas as condições meteorológicas de 2021 influenciaram muito”.

Ainda segundo Fogaça, no Estado, houve episódios de geadas em junho e julho, afetando muito a região Sul de Minas, que é a maior região produtora de café, com mais de 9 milhões de sacas. 

“Depois das geadas, foram mais dois meses de seca e excesso de chuva no início do ano, que, além do Sul de Minas, também afetou outras regiões, como as Matas de Minas, Rio Doce, gerando perda da produtividade. Essa queda acabou impactando a produtividade média do Estado e também do País. Já as regiões Norte e Mucuri foram menos impactadas, além de boa parte do café ser irrigada”, explicou.

Sul e Centro-Oeste devem ter maiores perdas

No Sul e Centro-Oeste de Minas, a estimativa é de uma quebra de 16,9% na produção de café em 2022. Ao todo, a região deve colher 9,7 milhões de sacas de 60 quilos. A produção foi muito afetada pelo clima desfavorável e a produtividade recuou 17,8%, com rendimento médio por hectare em torno de 19,7 sacas. Em relação à área, 496,7 mil hectares, houve avanço de 1% frente à safra passada. 

No Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste do Estado, a estimativa é de uma colheita 11,89% inferior e 4,2 milhões de sacas de 60 quilos. Neste ano, a área de café em produção caiu 4,2%, somando 181,7 mil hectares. A produtividade recuou 8% e chegou a 23,2 sacas por hectare.

Na Zona da Mata, Rio Doce e Central, houve uma expansão de 14,7% na área em produção, o que, aliado aos tratos culturais, ajudou a reduzir os impactos do clima e permitiu uma expansão na produção. Com uma área de 305,6 mil hectares, é esperada a colheita de 7 milhões de sacas, volume que supera em 49,3% o registrado no ano passado. A produtividade estimada é de 23,1 sacas por hectare, variação positiva de 30,1%.

De acordo com o levantamento da Conab, a região deve apresentar aumento na produtividade média em relação ao ano passado, ajudado pela bienalidade positiva, porém sem alcançar o potencial desejado. Vale ressaltar que também houve um aumento na área em produção, algo que deve beneficiar o resultado final esperado.

Nas regiões Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri, segundo a Conab, a representatividade das áreas irrigadas minimizou o impacto da estiagem. Houve relatos de perdas por excesso de chuvas em algumas regiões, logo após a florada, mas em áreas pontuais. A Conab prevê uma produção de 704,8 mil sacas de café, variação positiva de 18,7%. A produtividade avançou 55,9% e chegou a 30,3 sacas por hectare. Já a área produtiva ficou 1% maior, somando 23,4 mil hectares.

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