Renault Captur Bose: foco na qualidade sonora

2 de outubro de 2020 às 0h10

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Crédito: AMINTAS VIDAL

AMINTAS VIDAL*

A Renault fechou 2019 com 9% do mercado nacional, considerando os automóveis e os veículos comerciais leves. Foi a quarta montadora com maior número de emplacamentos no Brasil.

No importante segmento dos SUVs compactos, ela participa com dois modelos: o Duster e o Captur. Mesmo mais caro, o Captur superou o Duster no fechamento do ano passado, registrando 28.660 emplacamentos contra 26.090 do seu concorrente caseiro.

O DC Auto recebeu o Captur Bose 1.6, com câmbio CVT, para avaliação, versão de topo da gama. Ela contava com a opção pelo motor 2.0 e o câmbio automático de 4 marchas. Porém, a montadora se prepara para a chegada de uma motorização turbo e retirou a opção do catálogo do modelo. No site da Renault, a versão avaliada tem o preço de R$ 107,99 mil.

A unidade que recebemos tinha pintura metálica na cor cinza com teto prata, o que eleva a etiqueta para R$ 109,64 mil. Ou seja, as cores metálicas têm o preço de R$ 1,65 mil.

Todas as versões do modelo vêm bem equipadas de série e sem opcionais. Os principais equipamentos do Captur Bose são: freios com ABS, quatro airbags (dois frontais e dois laterais), sistema Isofix para fixação de cadeirinhas infantis, assistente de partida em rampas e controles eletrônicos de estabilidade e tração.

Também estão presentes: direção eletro-hidráulica, ar-condicionado automático, câmera de marcha à ré, sensor de estacionamento traseiro, faróis de neblina, lanternas traseiras e luzes diurnas em LED, vidros elétricos com sistema one touch, retrovisores rebatíveis eletricamente, piloto automático (controlador e limitador de velocidade), computador de bordo e alarme.

Completam o pacote de opcionais as rodas em liga leve diamantadas de 17 polegadas, o revestimento dos bancos e do volante em material sintético que imita o couro, o sensor de chuva e o de luminosidade, entre outros.

Destaque O destaque da versão é o sistema de sonorização que batiza a mesma. Assinado pela marca norte-americana Bose, traz seis alto-falantes e um subwoofer embutido na lateral do porta-malas. O multimídia é o Media Evolution com tela de sete polegadas e conexão bluetooth para smartphone e espelhamento por Android Auto e Apple CarPlay.

O motor utilizado é o 1.6 SCe acoplado ao câmbio automático CVT X-Tronic, mesmo conjunto oferecido no Duster. O bloco tem 4 cilindros em linha, o cabeçote conta com 16 válvulas e o sistema de injeção é indireto e multiponto.

O comando de válvulas é duplo e tracionado por corrente com variação de abertura apenas na admissão. Sua taxa de compressão é de 10,7 /1, a potência atinge 120/118 cv às 5.500 rpm, com etanol e gasolina, respectivamente, e seu torque máximo é de16,2 kgmf às 4.000 rpm, com ambos os combustíveis.

A caixa de marchas CVT tem uma programação que simula seis velocidades que podem ser acionadas através da alavanca do câmbio. O acoplamento é feito por conversor de torque hidráulico, tradicional.

Como já dissemos em outras matérias, excluindo o Kwid, todos os outros modelos de automóveis da Renault dividem a mesma plataforma e apresentam características comuns: eles são espaçosos, robustos e mais baratos que seus concorrentes diretos.

No Duster, essas características são mais evidentes. Além do visual “Jeep”, suas peças são mais simples e seu preço mais competitivo. O Captur tem um design mais elaborado, como o de um “crossover”. Suas peças internas são mais bem construídas e os materiais de acabamento são melhores ao toque. Contudo, mesmo mais barato, seus preços são mais próximos aos da concorrência.

O design mais esportivo da carroceria do Captur rouba um pouco do seu espaço interno, quando o comparamos com o Duster, mas, mesmo assim, ele é um dos SUVs mais amplos da categoria. São 4,33 metros de comprimento, 2,67 metros de entre-eixos, 1,81 metro de largura e 1,62 metro de altura.

Com 1.286 kg, ele é 7 kg mais pesados que o Duster, apesar de seu visual mais esguio sugerir o contrário. O porta-malas comporta bons 437 litros, apenas 38 litros a menos do que o Duster, mas ambos têm 50 litros de capacidade no tanque de combustíveis, dentro da média do segmento.

Interior – Quatro adultos acomodam pernas, ombros e cabeças com conforto em seu interior. A ergonomia é boa e os comandos ficam a mão. Os bancos apoiam bem em tamanho e densidade da espuma.

Existem diversos nichos para objetos, mas apenas o localizado a frente do câmbio tem encaixe para copo ou garrafa pequena. Nos demais, estes objetos tão usuais não ficam bem acomodados.

Essa versão conta com chave presencial tipo cartão que recebeu um local dedicado a ela no console central, algo que ajuda em sua localização a bordo. Seu funcionamento é muito preciso. A ignição e a abertura das portas são feitas por botão e o travamento das mesmas, por afastamento, sem a necessidade de tirá-la do bolso.

O ar-condicionado automático tem botões físicos giratórios para temperatura e ventilação e de pressão para as demais funções, arquitetura ideal. O tempo de resfriamento é bom e o ruído da ventilação é contido, mas sua intensidade poderia ser maior.

O sistema multimídia é completo e simples de operar, mas fica devendo botões físicos giratórios no lugar dos de pressão. Tamanho de tela, definição e sensibilidade ao toque estão entre os melhores, mas a velocidade de processamento ainda pode melhorar.

Emparelhamento e espelhamento são facilmente ativados. O bluetooth se mostrou muito estável, mas a conexão com o Android Auto apresentou alguns travamentos pontuais. A qualidade sonora se destaca. O sistema Bose garante ótima distribuição do áudio com muita potência e sem distorção.

O sensor de estacionamento traseiro e a câmera de marcha à ré ajudam bastante, pois o Captur tem a traseira muito alta, apesar da boa área envidraça. Existem linhas de posicionamento que dão algumas referências de aproximação, mas elas não esterçam com a direção para indicarem a trajetória do veículo.

A direção eletro-hidráulica é um pouco pesada em manobras, quando comparadas às elétricas, porém, melhor que as puramente hidráulicas. Já em estradas, seu peso é ideal e sua resposta ao esterço é direta.

Crédito: AMINTAS VIDAL

Desempenho da SUV condiz com sua proposta familiar

O conjunto motor e câmbio garantem um desempenho honesto ao modelo, coerente com a proposta familiar do veículo. As marchas são trocadas com precisão e nos tempos corretos, quando em uma condução normal.

Para um uso mais esportivo, o câmbio precisa ser usado no modo manual visando alcançar rotações mais elevadas. Em baixas rotações, o silêncio a bordo prevalece. O atrito dos pneus e o funcionamento do motor quase não são ouvidos. O barulho do vento sobre a carroceria também é muito contido, mas, provavelmente, devido ao bom isolamento acústico, pois o modelo é alto e sofre com o arrasto aerodinâmico, algo percebido em sua retenção dinâmica ao circularmos a partir dos 100 km/h.

Nas acelerações acima das 3.000 rpm, o ruído do motor invade a cabine e ele se mostra limitado para um desempenho mais “empolgante”. Mesmo quando em modo manual, o câmbio utiliza algumas relações próximas à marcha pré-programada para compensar a falta de torque em determinadas rotações, por exemplo.

Outra curiosidade é o acerto que a montadora fez das relações das marchas manuais. A sexta e última marcha não têm a relação mais longa que este câmbio CVT pode alcançar. Engrenado nela, e aos 110 km/h, o motor trabalha às 2.250 rpm. Mantendo essa velocidade, e o mesmo curso no acelerador, ao retornar o câmbio para o modo automático, a rotação cai para às 1.750 rpm, isto é, 500 rpm de diferença.

Acreditamos que a Renault optou por relações mais curtas para deixar o modelo mais esperto em modo manual, mas o ideal seria programar o câmbio com 7 ou 8 marchas para um maior aproveitamento das relações possíveis, recurso que resultaria em economia de combustível em estradas com o sistema selecionado em manual.

Tanto o Duster quanto o Captur têm a altura em relação ao solo como uma de suas grandes virtudes. O Captur tem 212 mm de vão livre, 23 graus de ângulo de entrada e 31 graus de ângulo de saída. As medidas são generosas e garantem circular por nossas ruas mal conservadas sem tocar o fundo ou os para-choques em lombadas ou entradas de garagens.

Contudo, usando rodas de 17 polegadas e pneus 215/60 R17, o acerto das suspensões está mais voltado para a estabilidade do que para o conforto, não fazendo do modelo um prodígio na terra. Ele é muito estável em curvas sobre o asfalto, considerando sua altura. A carroceria pouco inclina e o conjunto reage equilibradamente no limite da aderência, escorregando de forma uniforme e sem tendência de sobre-esterço dianteiro ou traseiro.

Para essa performance, sua suspensão é rígida e não combina com buracos e valetas do fora de estrada. Havendo necessidade de circular em locais assim, a altura do solo não deixa o Captur tocar o fundo facilmente e a transposição do percurso pode ser feita em baixas velocidades para não sacrificar muito o conjunto.

Consumo Em nosso teste padronizado de consumo, o Captur atingiu marcas esperadas para um SUV compacto com motor aspirado e capacidade cúbica intermediária. A altura do solo e os pneus largos são algumas características que também não ajudam na eficiência energética, mas são valorizadas pelos consumidores da categoria. É o preço que se paga.

Realizamos duas voltas no percurso de 38,7 km, uma mantendo 90 km/h e outra a 110 km/h, sempre conduzindo economicamente. Somente o motorista, vidros fechados, faróis acesos, ar-condicionado regulado na refrigeração intermediária e a ventilação na segunda posição completam a padronização. Na volta mais lenta atingimos 12,5 km/l. Na mais rápida, 10,8 km/l, usando etanol no teste.

O nosso novo teste de consumo urbano é realizado em um circuito de 6,3 km no qual completamos 4 voltas, totalizando 25,2 km. Circulamos por 5,2 km em vias secundárias, velocidade máxima de 40 km/h, e por 20 km em vias primárias, velocidade máxima de 60 km/h. No total, realizamos 20 paradas simuladas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos. Entre o ponto mais baixo do circuito e o mais alto, existe uma variação de 152 metros em relação ao nível do mar, algo que simula uma topografia bem acidentada, como a de Belo Horizonte (MG).

Sem contar com o sistema stop/start, útil para economizar combustível nas paradas simuladas em semáforos, o motor 1.6 aspirado não pode ser tão econômico neste teste urbano severo. Seguindo os padrões complementares descritos acima, o Captur Bose atingiu uma média urbana de 6,9 km/l com etanol.

O Renault Captur Bose 1.6 CVT se mostrou um SUV urbano por excelência. Seu design está entre os mais atraentes da categoria e seu acerto dinâmico é muito bom para cidades e regular em rodovias. O consumidor que faz uso predominantemente em viagens, pode optar pela versão com motor 2.0, ou, se puder aguardar, esperar o novo motor 1.3 turbo que estreará no modelo até o fim deste ano ou no início do próximo.

*Colaborador
Acesse essa e outras matérias no blog: dcautoblog.com

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