Compostagem gera economia e ganhos ambientais no agronegócio
8 de junho de 2021 às 0h28
O uso da compostagem na produção rural é um processo importante para a preservação do meio ambiente e que pode gerar diversos benefícios financeiros, com a redução do uso de produtos químicos, maior produtividade e aproveitamento melhor dos recursos. A técnica, que tem sido cada vez mais adotada pelos produtores, independentemente do porte, precisa ser acompanhada por profissionais, que irão definir os melhores processos e a produção correta do adubo orgânico.
De acordo com o analista de Agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) Caio Coimbra, a implantação do processo de compostagem, se feita da forma correta, traz benefícios sociais, econômicos e ambientais para a produção agrícola e pecuária.
Nas produções de grande porte, como, por exemplo, no confinamento de gado, a compostagem pode significar economia de milhões, já que o adubo orgânico gerado no processo reduz o volume de produtos químicos a serem aplicados nas plantações.
Além disso, o uso dos adubos orgânicos pode gerar maior absorção de nutrientes pelas plantas, gerando alimentos de maior qualidade e produtividade, tanto nas produções de pequeno porte, como nas médias e grandes.
“A compostagem nas grandes produções, como no confinamento de bovinos e nas granjas de suínos e aves, pode evitar o gastos em milhões de reais em adubos e fertilizantes. Além disso, estas atividades têm um maior potencial poluidor e ao utilizarem os dejetos para a compostagem conseguem reduzir os impactos negativos”, explica.
Ainda segundo Coimbra, o processo de compostagem tem a vantagem ambiental no que se refere às questões hídricas. “Isso porque se evita que aquele composto mais cru vá para o meio ambiente e polua o lençol freático e as águas superficiais, como os rios e lagos”, destaca.
A vantagem econômica também é um diferencial. Segundo Coimbra, hoje, os preços dos adubos estão muito caros e quem utiliza, dentro da propriedade, os compostos com nível orgânico maior deixa de comprar parcialmente insumos químicos.
“Desta forma é possível reduzir o custo de produção e o produtor também fica menos dependente dos produtos externos, já que cerca de 70% dos adubos são importados. É uma alternativa para nos tornarmos mais autônomos em relação aos insumos externos. Este é um ponto que o Brasil precisa resolver”, afirma.
Outra vantagem é o impacto social local. Quando se investe na compostagem, é preciso de mão de obra, o que gera mais vagas de trabalho na região e renda.
“Quando o produtor decide investir no sistema de compostagem, ele precisa ter orientação técnica para que o processo seja instalado e usado da forma correta. Além disso, é preciso saber a hora correta, o volume certo ao aplicar na produção, evitando assim contaminações e prejuízos”, diz.
Devido retorno ao meio ambiente
O gerente comercial da linha de compostagem da Korin Agricultura e Meio Ambiente, Diego Pelizari, explica que a compostagem é muito interessante na produção rural, principalmente, por ela permitir que os resíduos orgânicos tenham o devido retorno para o meio ambiente.
Ele ressalta que, para se ter garantia da qualidade e segurança de que o produto é benéfico para o meio ambiente, é preciso cuidar de todo o processo, para que ele seja rápido e sustentável. Além disso, quando se emprega tecnologia no processo, é possível reduzir o tempo e ter resultados mais positivos e competitivos. Além de gerar um produto de maior qualidade, que pode ser utilizado nas produções próprias, também é possível vender os adubos orgânicos, criando-se mais uma opção de renda.
Pensando nesta demanda, a Korin desenvolveu o conceito de compostagem 3-3-3: com o uso de aditivos biológicos é possível reduzir o tempo do processo em até 3 vezes, utiliza até 3 vezes menos água e tem até 3 vezes menos custo operacional.
“Com estes aditivos, é possível ter um retorno muito positivo. As diferenças visuais já começam logo nos primeiros dias. Fazendo o processo de compostagem da forma correta, gera-se um adubo orgânico mais fino. Além disso, com os cuidados e aditivos é possível chegar a temperaturas ideais, o que influencia na presença de microrganismos, gerando ganhos nutricionais e reduzindo a emissão de gases. Essa redução evita perda de nitrogênio e de enxofre, que causam mau cheiro. Quanto mais tecnologia para reutilizar resíduos de forma local, mais sustentável é o processo. Este é o caminho de uma produção mais sustentável”, disse.
Grande potencial
Pelizari explica que, apesar do potencial e das vantagens, o uso da compostagem no País ainda é muito pequeno. Mas a tendência é de crescimento. “No ano passado, pensando em resíduos que viriam do confinamento, o volume passaria de 200 milhões de toneladas somente na parte da pecuária. A (área) agrícola também tem resíduos que podem ser utilizados na compostagem. Em geral, a estimativa é de que apenas 4% a 5% dos resíduos são utilizados, o que ainda é muito pouco”, avalia.
Em Minas Gerais, segundo Pelizari, um dos setores que mais demandam os aditivos fabricados pela Korin é o do café. A compostagem pode ser útil em várias culturas como a cana-de-açúcar, grãos, citrus, gado, suínos, aves, entre outros.
Compostagem também pode ser feita em casa
A compostagem, além de ser uma alternativa para uma produção agrícola e pecuária mais sustentável, também pode ser um processo adotado nos lares. Em Belo Horizonte, a empresa Hippocampus JR comercializa composteiras que podem ser instaladas em casas e apartamentos. A um custo acessível, cerca de R$ 200 o kit mais completo, as pessoas já podem aproveitar os resíduos orgânicos e fabricar o próprio adubo.
De acordo com a presidente da Hippocampus JR, Clara Massote Pidner, a demanda pelas composteiras domésticas é crescente.
“As pessoas que têm maior consciência ambiental estão em busca de formas para reaproveitar o lixo, e uma das formas é a compostagem do lixo orgânico. Percebemos que com a pandemia e as pessoas passando mais tempo em casa, elas estão investindo mais no descarte correto”.
Ainda segundo Clara, com a compostagem é possível gerar húmus e líquido fertilizante, produtos que podem ser aplicados em plantas e hortas.
“Estes produtos são utilizados para o controle de pragas e para a melhor nutrição das plantas, sem o uso de produtos químicos. É importante que as pessoas adotem processos que façam bem ao meio ambiente. Quando temos maior consciência da importância de se tratar o lixo, contribuímos para a preservação do planeta”, conclui.