Entidade defende a utilização de concreto

ABCP aponta que o produto é economicamente viável para substituir o asfalto nas obras de pavimentação

21 de março de 2023 às 0h22

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De acordo com a ABCP, rodovias pavimentadas com concreto são projetadas para um período de 20 anos, o dobro do asfalto | Crédito: ETAJOE / sotck.adobe.com

O gerente regional Minas Gerais da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Lincoln Raydan, defende a aplicação do concreto na pavimentação de rodovias e vias urbanas do Estado em substituição ao asfalto, produto que pode faltar em função da demanda por obras de infraestrutura no País.

Ele afirma que estudos técnicos já comprovaram que o material possui diversas vantagens competitivas. E que o seu uso atende a parâmetros do chamado triple botton line (tripé da sustentabilidade), mostrando-se eficiente em aspectos financeiro, ambiental e social.

O executivo faz um contraponto a Bruno Ligório, 1º vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG) e membro do Conselho de Infraestrutura (Coinfra) da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). 

Em entrevista recente ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, Ligório afirmou não ser viável substituir o asfalto de forma indiscriminada pelo concreto, sob a justificativa de que o pavimento rígido tem um custo superior ao flexível, embora seja um bom revestimento e com vida útil maior. 

Segundo Raydan, uma pesquisa da ABCP mostra que em uma plataforma com volume médio diário de veículos comerciais (VDMc), unidirecional, acima de 500 veículos, utilizar o concreto se trata da opção mais econômica. Ressalta ainda que quanto mais intenso o tráfego, mais barato será o custo da construção. 

Também no pilar financeiro, o gerente regional cita que há uma redução dos gastos com manutenção, recuperação ou reabilitação da rodovia. Isso porque o concreto é projetado para um período de 20 anos, ao passo que o asfalto é dimensionado para 10 anos. Conforme ele, apesar da projeção já ser favorável ao material, o pavimento rígido pode durar ainda mais.

“A Via Expressa, em Belo Horizonte, é da década de 70, ou seja, tem mais de 40 anos e está em operação com manutenção zero. Quando você passa por lá, não vê buracos ou as chamadas ‘panelas’. Às vezes tem uma trinca, porque no concreto é natural ter a trinca de retração, mas é uma trinca que está lá há 40 anos e que não prejudica o trânsito”, salienta.

Raydan ainda menciona o fato de que o concreto tem como material básico o cimento portland, de produção 100% nacional, o que garante previsibilidade dos preços. Enquanto o valor do asfalto, produto produzido a partir do petróleo e com parte da fabricação importada, está sujeito às oscilações do mercado internacional. 

Mais benefícios

No pilar ambiental, Raydan destaca que o concreto contribui para a queda das emissões de gases de efeito estufa ao utilizar combustíveis alternativos no lugar dos fósseis, no chamado coprocessamento. Também aponta que, por ter uma cor clara, ele reflete menos calor que o asfalto, reduzindo a temperatura ambiente em cerca de 5ºC e a temperatura próxima à superfície em cerca de 14ºC. Realça ainda que o produto é totalmente reciclável.

“O pavimento de concreto em final de vida útil pode ser demolido e reabilitado, então você não perde o material. É um material nobre, ele vai virar um agregado e você pode fazer um novo concreto com ele”, afirma. 

Já no pilar social, o gerente regional ressalta que o pavimento de concreto gera economia de combustível para os usuários, por oferecer menos resistência ao rolamento dos pneus. Melhora a visibilidade dos motoristas, por ter alta reflexão de luz. E propicia mais segurança no deslocamento, visto que reduz o espaço de frenagem e não sofre deformação formando as trilhas de roda, o que evita a aquaplanagem e a incidência de buracos. 

Oferta

A disponibilidade de asfalto no Brasil para as obras de infraestrutura tem gerado preocupação no governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a fazer um alerta para a possibilidade de faltar o produto com a retomada de projetos paralisados no País. Entre os motivos que pode levar à escassez do derivado de petróleo está a guerra na Ucrânia.

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