Minas já está em estado de alerta com a crise hídrica

23 de setembro de 2021 às 0h30

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Crédito: Divulgação

A crise hídrica deixa Minas Gerais em estado de alerta. Dessa vez, a atenção volta-se para a distribuição de água no Estado. A região Leste de Minas já está com restrição de uso de água para o agronegócio e indústria e Paracatu, no Noroeste do Estado, decretou Estado de Calamidade. 

Segundo o diretor-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marcelo da Fonseca, nas demais regiões do Estado, existem áreas em situação de alerta ou que se enquadram em áreas de situação de conflito.

“Nesses locais, os próprios produtores fazem o monitoramento dos reservatórios e junto com o Igam acabam interrompendo o uso da água no local para que não falte para o consumo humano e nem para os animais”, explica. Na região Nordeste, que está também está em estado de alerta, e em Paracatu houve a suspensão do uso da irrigação.

Fonseca destaca que a preocupação maior está atualmente com a baixa vazão dos reservatórios Paraná e Paranaíba, que, na verdade, fazem parte do sistema de captação de energia elétrica.

“Não houve por parte do governo federal um planejamento para a armazenagem de água para a energia elétrica, e agora está deixando regiões como Norte e Vale do Jequitinhonha em situação de calamidade. Essas regiões do Estado são historicamente conhecidas por escassez de água, mas poderiam ter sido evitadas”, reforça.

O Igam informou que acompanha a situação das regiões do Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro. “A situação é de alerta para todo o Estado devido à falta de chuvas. Se as chuvas não vierem ou não forem tão favoráveis, aí pode-se pensar não somente em restrições de uso de água para o agronegócio e indústria, mas também na siderurgia”, detalha.

Em Paracatu, foi decretado estado de calamidade pública. De acordo com o prefeito Igor Santos, em nota, a decisão foi tomada conforme parecer da Defesa Civil e desde a primeira semana de governo, existe um esforço para resolver este problema, de forma definitiva.  “A situação que agora se avizinha é grave e temos consciência de que podemos sofrer fortemente com a falta d’água. No que depender da gestão, a Copasa não terá um minuto de descanso”, disse.

Ainda segundo Santos, a partir do decreto de calamidade pública, o município tem mais poder de ação e cobrança frente à falta d’água. “Não podemos ver repetir uma situação como a de 2017 no município”. 

RMBH

De acordo com dados da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), os níveis dos reservatórios na Região Metropolitana de Belo Horizonte estão em situação de normalidade. O maior sistema de captação, o Sistema Paraopeba, estava operando no início desta semana com capacidade de 71,3%.

“Esse sistema é composto por vários reservatórios, o que garante o abastecimento de toda a população sem interrupção e dentro da normalidade, mesmo em dias de muito calor e sem chuvas”, explica o superintendente de Desenvolvimento Ambiental da Copasa, Nelson Guimarães.

Ainda de acordo com Guimarães, como houve uma alteração muito grande com relação à elevação da temperatura e de consumo, a Copasa aumentou a produção de água.

“Estão sendo utilizados todos os recursos técnicos-operacionais para garantir o abastecimento da população, que é priorizado pela legislação, como transferências de captação, perfuração de poços e utilização de caminhões-pipa. Neste momento, não há risco de racionamento, nem rodízio de água”, reforça.

A Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário de Minas Gerais (Arsae-MG), acompanha a situação do abastecimento de Minas Gerais. Segundo o diretor da Arsae-MG, Rodrigo Bicalho Polizzi, o abastecimento no Estado segue em estado de atenção, porém não há nenhum indicativo para restrições ou interrupções.

“Para que isso seja implementado, temos que seguir as diretrizes definidas em 2015, em que estabelece uma crise hídrica, na qual esteja completamente comprometido o consumo humano e de animais”, disse. 

Polizzi destacou que toda a situação está sendo acompanhada no Estado e, até o momento, não há nenhum alerta a respeito de restrições ou racionamento de água nem para os consumidores e nem para os setores industriais e de agronegócios.

Polizzi alerta ainda para as questões do desperdício e roubo, o conhecido “gato de água”. Nosso principal problema é o uso irregular da água. Há muito desperdício e roubo. Na região metropolitana, por exemplo, Ribeirão das Neves é a região com maior número de roubos de água e o município não ajuda a acabar com o crime. Nós e o Ministério Público de Minas Gerais estamos atuando pesado para acabar com esse crime que prejudica outras regiões que acabam ficando sem água”, esclarece.

Projetos

Para não enfrentar grandes riscos de racionamento de água no Estado, o Igam também trabalha com projetos em longo prazo. Marcelo da Fonseca explica que várias ações com gestores de água no Estado participam desses projetos.

“Entre essas ações estão o desenvolvimento regional ambiental, uso racional da água, recuperação da mata ciliar, trabalho de recuperação dos afluentes, saneamento e infraestrutura para ter qualidade e quantidade de água para atender à população”, pontua. 

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