A MRV Engenharia teve um primeiro trimestre histórico. A companhia atingiu, somente entre janeiro e março deste ano, um volume de vendas calculado em R$ 1,74 bilhão. O resultado é 7,6% maior que o percebido no mesmo período do ano passado e representa a venda de 8.931 unidades habitacionais em todas as empresas que formam a plataforma habitacional MRV&Co, formada, além da MRV, pelas empresas Sensia, Urba, Luggo e AHS. No entanto, o lucro líquido ajustado da companhia apresentou uma queda de 38,9% no comparativo com o ano anterior e chegou a R$ 83 milhões.
Conforme explica o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores, Ricardo Paixão, a redução da margem bruta, ou seja, a fatia de lucro obtida em cada venda, foi a maior responsável pelo recuo do lucro líquido.
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“O custo da construção está mais alto. A inflação ao longo dos últimos 30 meses provocou um aumento de 30% nas despesas”, afirma Paixão. A pressão inflacionária ocasionou mais impactos negativos sobre aqueles produtos lançados antes dos reajustes e que já haviam sido processados pelos bancos financiadores. Em seu relatório, a empresa também divulgou a margem bruta sobre as novas vendas efetivadas no primeiro trimestre e que chegou a um resultado de 23%.
Para conter a inflação em um setor fortemente afetado pelas altas do aço, já que este é um insumo-base para a construção civil, o executivo da MRV afirma que a companhia segue com a estratégia de estocagem de materiais.
Diversificação de negócios
O modelo de plataforma habitacional, com a diversificação de frentes de trabalho, segue como principal plano da empresa para crescer. Diferentemente do resultado obtido em todo o 2021, quando a americana AHS Residencial, controlada pela MRV, teve protagonismo com a venda significativa de unidades e empreendimentos avaliados em mais de US$ 350 milhões – em Valor Geral de Vendas (VGV), no primeiro trimestre a empresa concluiu a venda do Coral Reef, empreendimento localizado no Sul da Flórida e que alcançou um VGV superior a US$ 54 milhões e margem bruta de 38%.
De acordo com Ricardo Paixão, a expectativa é que a operação nos Estados Unidos volte a contribuir expressivamente, até o final do ano, para o resultado geral da companhia. Contudo, ele ressalta que a diversificação de negócios já tem se mostrado uma ação acertada, e a representatividade não só da AHS Residencial, mas da Urba, que atua com loteamentos, é a aposta da companhia.
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“A plataforma habitacional tem ganhado cada vez mais relevância. A MRV deixou de ser aquela empresa focada em incorporação e agora estamos diversificando os negócios territorialmente e as próprias fontes de financiamento. A gente consegue colocar capital em cada uma das frentes de acordo com o momento”, afirma o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores, Ricardo Paixão.
Em relação às construções do programa habitacional Casa Verde e Amarela, a expectativa da empresa é o anúncio de uma nova revisão de curva dos subsídios para complementação da renda das famílias. Enquanto isso, a empresa afirma que está segurando alguns lançamentos para aguardar os passos do governo federal.