PIB de Minas Gerais fecha 2019 com retração de 0,3%

19 de março de 2020 às 0h18

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Crédito: Divulgação Vale

O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais, segundo dados divulgados nessa quarta-feira (19) pela Fundação João Pinheiro (FJP), encerrou 2019 com queda de 0,3% frente a 2018, alcançando o valor de R$ 632 bilhões, em termos reais. O valor representa 8,7% do PIB brasileiro, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em R$ 7,25 bilhões.

A redução no PIB mineiro se deve, principalmente, à retração da indústria extrativista mineral, que foi afetada pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, e pela menor produção de café no ano. Para 2020, as estimativas são pessimistas e a epidemia de coronavírus pode contribuir para resultados negativos na economia mineira.

De acordo com os dados da FJP, a indústria mineira apresentou recuo de 2,6% em 2019 frente a 2018. Dentre os segmentos, a indústria extrativa mineral retraiu 25,4% e a indústria de transformação ficou estável. A construção cresceu 3,2% e energia e saneamento apresentou alta de 9,8%.

No setor da agropecuária de Minas Gerais, no encerramento de 2019, houve queda de 1,7%, resultado proveniente de uma safra de café menor, em função da bienalidade negativa.

Em serviços, houve um aumento de 0,5%, puxado pelo desempenho positivo nos segmentos de comércio, com alta de 2,2%, e outros serviços, com variação positiva de 0,5%. Já em transportes e administração pública, foram verificadas retrações de 2,2% e 0,1%, respectivamente.

De acordo com o coordenador do núcleo de contas regionais da FJP, Raimundo de Sousa Leal Filho, a queda na indústria extrativa, em função do rompimento da barragem da Vale, além de ter provocado a retração no setor industrial também afetou o desempenho em transportes.

“No caso da indústria extrativa mineral, medidas de reforço da segurança das barragens localizadas no Estado após o rompimento do Córrego do Feijão, em Brumadinho, induziram à suspensão temporária da operação de várias minas. Com isso, o resultado da extração mineral estadual recuou, afetando também o volume dos serviços de transportes no modal ferroviário, fortemente associado ao escoamento da produção mineral”, explicou.

Quarto trimestre – No quarto trimestre de 2019, a estimativa preliminar da FJP para o PIB de Minas Gerais totalizou R$ 164,3 bilhões, o que representa uma queda de 0,1% em relação ao mesmo período do ano anterior e alta de 0,6% na comparação com o terceiro trimestre de 2019.

De acordo com os dados da FJP, o Valor Adicionado Bruto (VAB) da agropecuária mineira foi estimado em R$ 2,9 bilhões (2% do total), o da indústria, em R$ 37,1 bilhões (25,9% do total), e o dos serviços, em R$ 103,2 bilhões (72,1% do total).

Dentre os segmentos, foi verificada retração de 4,2% na indústria, na comparação do quarto trimestre com igual período do ano passado. A indústria extrativa recuou 27,8%, seguida pela queda de 3% na indústria de transformação e alta de 3,1% na construção e de 14,8% em energia e saneamento.

Mantendo a mesma base de comparação, a agropecuária cresceu 0,6% e serviços aumentou 0,9%. A alta no setor de serviços teve como impulso o crescimento de 2,8% verificado no comércio, de 1,7% em outros serviços e de 0,1% na administração pública. Já os serviços de transporte tiveram queda de 2,2%.

Na comparação do quarto trimestre com o terceiro, a alta de 0,6% verificada no PIB é justificada pelo melhor desempenho da agropecuária. O setor apresentou alta de 10,6%, puxada pela produção maior da agricultura no período, que concentrou a colheita de 25% da terceira safra de feijão, de 13% do trigo, de 16% da terceira safra de batata-inglesa, de 25% da banana, 14,6% da colheita do tomate, 20% da laranja e 25% da uva.

Mantendo a mesma base de comparação, a indústria estadual apresentou queda de 1,6%. No grupo, a indústria extrativa mineral caiu 1,8%, a de transformação recuou 1,7% e a construção retraiu 0,6%. Somente na indústria de energia e saneamento houve resultado positivo, com expansão de 2,5%.

Em serviços, foi observada alta de 0,4%, influência positiva que veio do setor de transporte, com alta de 0,1%, administração pública, 0,9%, e outros serviços, com aumento de 0,7%. Comércio se manteve estável.

Expectativas para 2020 são pessimistas

Para 2020, as expectativas em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais são pessimistas. Além das quedas observadas em segmentos importantes no último trimestre de 2019, como na indústria extrativa mineral, de transformação e construção civil, a guerra do petróleo (entre Arábia Saudita e Rússia) e a disseminação do coronavírus pelo mundo, o que vem paralisando o mercado, poderão agravar ainda mais a situação.

O coordenador do núcleo de contas regionais da FJP, Raimundo de Sousa Leal Filho, explica que as expectativas já não eram boas antes da guerra do petróleo e da pandemia de coronavírus.

“No último trimestre de 2019, a fabricação de alimentos, que é importante, respondendo por 20% da indústria de transformação do Estado, apresentou variação negativa. Estávamos com uma trajetória positiva de crescimento real na fabricação de bebidas, porém, a atual situação da Backer nos leva a especular que a tendência positiva foi interrompida. Tem ainda o fraco desempenho da indústria. Estes são alguns motivos que já nos levavam a imaginar que 2020 não deve ser promissor para a economia de Minas. Agora, com o epidemia de coronavírus no Brasil, o avanço que observávamos no setor de serviços pode ser afetado, uma vez que haverá uma parada brusca”.

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