Faturamento do setor mineral dispara em MG

22 de julho de 2021 às 0h30

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O recolhimento da Cfem em Minas Gerais chegou a R$ 1,9 bilhão nos primeiros seis meses do ano, o que representa uma expansão de 134% | Crédito: Divulgação

Ao longo do primeiro semestre de 2021, o setor mineral de Minas Gerais faturou R$ 61,4 bilhões, respondendo por 41,2% do valor total do Brasil, que foi de R$ 149 bilhões. No Estado, o valor observado no primeiro semestre ficou 122% maior que o registrado entre janeiro e junho do ano passado, quando o faturamento chegou a R$ 27,6 bilhões. Em nível nacional, a alta foi de 98%.

As estimativas são positivas e a tendência é que o setor siga aquecido, podendo encerrar o ano com faturamento próximo a R$ 300 bilhões no País.  Os dados foram divulgados, ontem, pelo  Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

O crescimento de 122% registrado no faturamento do setor mineral estadual foi o maior entre os estados produtores. Logo atrás ficou o Pará, que apesar de ter o maior faturamento, R$ 65,4 bilhões, cresceu 99% ao longo do primeiro semestre, se comparado com igual intervalo de 2020.

Ao longo do segundo trimestre, os resultados em Minas também foram positivos. O faturamento ficou em R$ 33,3  bilhões, um avanço de 126% frente ao segundo trimestre de 2020 (R$14,8 bilhões) e de 19% quando comparado com o período de janeiro a março do ano atual, quando a receita ficou em R$ 28,1 bilhões. 

Em termos de produção, o volume cresceu 2% nos primeiros seis meses de 2021, chegando a 535 milhões de toneladas, ante as 525 milhões de toneladas registradas no mesmo intervalo de 2020. Somente no segundo trimestre, a produção totalizou 278 milhões de toneladas, variação positiva de 13% na comparação com o mesmo período do ano anterior e de 8% frente ao primeiro trimestre, que encerrou com um volume de 257 milhões de toneladas. 

O presidente do Conselho Diretor do Ibram, Wilson Brumer, destacou que o forte desempenho do setor mineral está atrelado ao avanço dos preços das commodities e à desvalorização do real frente ao dólar. Somente no minério de ferro, a alta acumulada na cotação nos primeiros seis meses do ano foi de 101,5%, a maior entre os minerais. 

“As causas do aumento do faturamento são a combinação de dois fatores. O primeiro é o câmbio que em 30 de junho fechou a R$ 6,04, ante R$ 5,14 em janeiro. O segundo é o aumento dos preços. No caso do minério de ferro, os preços em janeiro deste ano estavam em R$ 155 a tonelada e fecharam o semestre em US$ 183,43. No dia 20 de julho, a tonelada estava em torno de US$ 229”.

O mesmo fenômeno se repete nos demais minerais, como estanho que aumentou 76,7%, cobre (65%), alumínio (41%) e níquel, com 41,5%. De maneira geral, segundo Brumer, as commodities vêm apresentando aumentos de preços. 

Ainda segundo Brumer, a tendência ainda é de mercado aquecido e preços em níveis valorizados, o que vai contribuir para um forte desempenho do setor no segundo semestre, com faturamento podendo chegar a R$ 300 bilhões.

“Em alguns minerais estamos vendo certa estabilidade, mas, ao mesmo tempo, comparado com o ano passado, a combinação de preço e câmbio levam a um faturamento bastante expressivo, se comparado com 2020”. 

Cfem – Com o desempenho positivo, a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) em todo o País chegou a R$ 4,48 bilhões no primeiro semestre, um aumento de 111,7% em relação ao mesmo período do ano passado. A expectativa é que, neste ano, a arrecadação chegue a R$ 9 bilhões, valor que será recorde. Dentre os produtos, o minério de ferro é o destaque, com um valor de R$ 3,73 bilhões, aumento de 46%.

Somente em Minas Gerais, a Cfem encerrou o primeiro semestre em R$ 1,9 bilhão, aumento de 134% frente ao mesmo período do ano anterior, que era de R$ 835 milhões. 

Brumer aponta que o crescimento na receita é resultado da valorização do dólar e do aumento nos preços das commodities | Foto: Netun Lima

Investimentos

Dos US$ 38 bilhões previstos em investimentos no setor mineral brasileiro de 2021 a 2025, US$ 13 bilhões serão aportados em Minas Gerais. Entre os motivos, segundo o diretor-presidente do Ibram, Flavio Penido, estão o maior volume de projetos em desenvolvimento ou em operação em Minas Gerais.

O montante inclui recursos para a recuperação e descomissionamento de barragens de rejeitos e desenvolvimento de inovações tecnológicas voltadas para a segurança das estruturas de rejeitos da mineração.

Os US$ 13 bilhões previstos para Minas representam 35% do total a ser aportado no setor mineral brasileiro nos próximos anos. 

“Os maiores volumes de investimentos, 35%, estão localizados em Minas Gerais, onde temos previsão de US$ 13 bilhões do total. Nestes US$ 13 bilhões, estão incluídos US$ 2 bilhões para o descomissionamento de barragem, conforme acordado em lei, processo que já está em andamento. Os valores também são destinados para inovações tecnológicas, no sentido de produzir material via seca”. 

Em relação ao prazo da lei estadual para a conclusão do descomissionamento, fevereiro de 2022, Penido acredita que boa parte das estruturas está concluída, mas em alguns casos, será necessário o prolongamento do prazo, o que já vem sendo tratado junto ao governo de Minas.

“O descomissionamento é uma operação muito mais complexa que a construção de barragens. O processo exige monitoramento do corpo da barragem, dos rejeitos e acompanhamento muito criterioso. Para cada caso de barragem, há necessidade de ter determinado trabalho. Estamos verificando e as autoridades estaduais concordam que este prazo para algumas barragens não poderá ser cumprido, simplesmente, porque não pode ser feito de forma apressada, por ser algo bastante complexo. Estamos em negociação e acreditamos em ter êxito. Estamos estudando caso a caso para ver a necessidade de prorrogar o prazo e ter uma operação segura de descomissionamento. Mas, a grande maioria irá cumprir o prazo”, explicou.

Cotação do minério de ferro recua na China

Pequim – Os contratos futuros do minério de ferro na China recuaram quase 4% ontem, pressionados pelo arrefecimento da demanda em momento em que usinas locais controlam a produção de aço, enquanto as chegadas da matéria-prima siderúrgica ao país aumentaram.

Algumas produtoras de aço nas províncias chinesas de Jiangsu, Fujian e Yunnan foram instruídas pelo governo a cortar produção, já que o país pretende manter a fabricação anual em nível não superior ao de 2020.

Enquanto isso, as chegadas de minério de ferro à China se recuperaram na semana passada. Os estoques da commodity nos portos avançaram pela terceira semana consecutiva, atingindo 127,34 milhões de toneladas em 18 de julho, de acordo com a consultoria SteelHome.

O contrato mais negociado do minério de ferro na bolsa de commodities de Dalian, para entrega em setembro, fechou em queda de 3,9%, a 1.174 iuanes (US$ 181,33) por tonelada.

Os preços spot do minério com 62% de teor de ferro para entrega à China caíram US$ 1 dólar na terça-feira (20), para US$ 221,5 por tonelada, segundo dados da SteelHome. (Reuters)

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