Tanqueiros articulam paralisação contra preço do óleo diesel

20 de janeiro de 2022 às 0h29

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Os transportadores de combustíveis estão mobilizados por mudanca na política da Petrobras | Crédito: Alisson J. Silva - arquivo dc

Ganha cada vez mais força o movimento de manifestação dos transportadores de combustíveis e de derivados de petróleo de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Goiás e Distrito Federal. Entre as ações, uma possível paralisação da categoria, que novamente questiona a política de preços praticada pela Petrobras e os custos incidentes sobre o óleo diesel, especialmente o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS).

“Não concordamos e não vamos mais aceitar essa maléfica política de reajustes dos preços dos combustíveis praticada pela Petrobras. A situação está afetando diretamente as transportadoras e a população em geral. Não conseguimos mais acompanhar”, explica o presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustível e Derivados do Petróleo de Minas Gerais (Sinditanque-MG), Irani Gomes.

Os tanqueiros pedem mudanças imediatas na Paridade dos Preços de Importação (PPI), extinção do Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF) e a redução do ICMS dos combustíveis, principalmente do diesel – no caso de Minas Gerais, de 14% para 12%.

Para complicar ainda mais a situação, na última semana, os governos estaduais decidiram, por maioria, acabar com o congelamento do ICMS sobre combustíveis a partir de fevereiro. A decisão foi definida no Comitê Nacional dos Secretários Estaduais de Fazenda (Comsefaz). O congelamento do ICMS sobre combustíveis foi decidido pelos governadores no fim de outubro de 2021 para tentar frear a escalada de preços e dar um prazo adicional para que União, Petrobras, Congresso e governadores definissem uma medida definitiva.

E apesar de a decisão de momento já estar tomada, o governador Romeu Zema (Novo) usou as redes sociais para externar sua opinião: “O governo de Minas é favorável à manutenção do congelamento do ICMS dos combustíveis e votará para que os estados possam manter o congelamento, especialmente diante das recentes altas de preços anunciadas pela Petrobras”, escreveu no Twitter em alusão de que manterá seu voto favorável nas próximas reuniões.

Situação deve se agravar

O líder dos tanqueiros, por sua vez, prevê o agravamento da situação. “Nunca vivemos uma crise como esta no setor. Estamos nos preparando para cruzar os braços porque não temos outra saída. E o governador escrever isso depois que a decisão que já está tomada não resolve. Precisamos de transparência. Se o consumidor entendesse a composição dos preços, não aceitaria essa situação. Somos tributados três vezes”, reclama.

Gomes lembra que há anos os tanqueiros vêm enfrentando dificuldades para se manter em atividade, mas, a partir de outubro de 2016, com a adoção da atual política de reajuste de preços pela Petrobras, a situação se complicou ainda mais. “Falta transparência na política de preços da Petrobras. Quando o barril do petróleo no mercado internacional aumenta, o preço dos combustíveis no Brasil aumenta, mas quando baixa, ninguém vê redução alguma. O mesmo ocorre com o Preço Médio Ponderado, que não é uma média, mas o preço mais alto”, critica.

Bolsonaro afirma que projeto pode reduzir os preços

Brasília – O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que vai apresentar na volta do recesso do Congresso, no início do próximo mês, uma proposta com o objetivo de reduzir o preço dos combustíveis, destacando que a iniciativa já está praticamente pronta.

“Reconheço a inflação de alimentos, reconheço a alta do combustível, falo de um porquê. Fora do ar aqui falava-se de uma proposta que poderíamos enviar ao Congresso que mexe com combustível, sim, existe essa proposta, não quero entrar em detalhe, vai ser apresentada no início do ano e nós procuramos aqui reduzir carga tributária, muitas vezes ser obrigado a encontrar uma fonte alternativa, você não pode apenas reduzir isso daí e vamos fazendo o possível”, disse.

Em entrevista ao programa Pingo nos Is, da Jovem Pan, Bolsonaro falou em dois momentos sobre o assunto, mas não deu detalhes.

“Outra medida, não quero anunciar agora aqui, porque ainda não está concluída, como o Congresso não está funcionando, não quero apresentar, é o que tem a ver com combustível no Brasil”, reforçou.

Em meio à alta do preço dos combustíveis, no ano passado, o governo enviou ao Congresso uma proposta para alterar a forma de tributação do ICMS, imposto estadual, que incide sobre o insumo.

A proposta chegou a ser aprovada, com modificações, pela Câmara dos Deputados, mas emperrou no Senado após reclamações de governadores receosos de perder receita.

Bolsonaro tem dito que o ICMS é o grande vilão para o alto preço dos combustíveis. O ICMS é um dos componentes do preço final dos combustíveis no Brasil. A Petrobras segue uma regra que leva em conta a variação do câmbio e dos preços internacionais do petróleo na formação dos preços no País. (Reuters)

Petrobras planeja aporte de R$ 2,5 bi em manutenção

A Petrobras planeja investir recorde de R$ 2,5  bilhões em paradas de manutenção de unidades em suas refinarias em 2022, que envolverão em torno de 4,5 mil equipamentos, informou a petroleira estatal em comunicado ontem. O montante irá superar os investimentos realizados em 2021 em paradas preventivas de manutenção no seu parque de refino, de R$ 2,3 bilhões.

De acordo com a companhia, o valor recorde investido no ano passado representa um aumento de mais de 50% em relação a 2020 e mais de 20% em comparação ao recorde anterior atingido em 2019.

“Investimos fortemente na cultura de prevenção e buscamos sempre a excelência em segurança. Além das paradas programadas de manutenção, realizamos treinamento intensivo dos colaboradores e simulados frequentes nas nossas unidades. Nosso objetivo principal é garantir a segurança e a continuidade operacional, assim como adequar as capacidades de produção das unidades, buscando a utilização mais eficiente e segura dos ativos”, destacou Rodrigo Costa, diretor de Refino e Gás Natural da Petrobras.

Mesmo com diversas paradas programadas de manutenção, a Petrobras alcançou a média de 83% de fator de utilização total (FUT) de suas refinarias em 2021, o maior índice dos últimos cinco anos, o que mostra os ganhos de eficiência na gestão das unidades.

De acordo com a estatal, os investimentos em prevenção também permitem que as refinarias da Petrobras sejam referência em segurança. Um dos indicadores mais usados no setor de petróleo para medir a segurança de uma unidade industrial é a taxa de acidentados registráveis por milhão de homem-hora (TAR). A média da TAR do parque de refino das empresas do primeiro quartil é de 0,54, segundo o U.S. Bureau of Labor Statistics. Na Petrobras, a TAR do refino em 2021 foi de 0,36, bem abaixo do benchmark mundial.

As paradas programadas são grandes intervenções nas refinarias, nas quais são realizadas a manutenção de diversas unidades industriais, com inspeções e reparos ou substituições de equipamentos, entre outras atividades, tudo de forma preventiva e planejada. Ao todo, mais de 4 mil equipamentos passaram por inspeção e manutenção nas paradas de todas as refinarias da companhia em 2021.

Plano

Em seu Plano Estratégico 2022-2026, estão previstos US$ 6,1 bilhões em investimentos no refino nos próximos cinco anos. Serão implantados projetos para posicionar a companhia entre os melhores refinadores do mundo, em termos de eficiência e desempenho operacional, com produtos de maior valor agregado e menor emissão de carbono.

Um dos projetos previstos é ampliar a capacidade de produção, especialmente de derivados de alta qualidade, como o diesel S-10. O Plano Estratégico inclui três grandes projetos de expansão: a conclusão da segunda unidade (trem) da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), que vai elevar a capacidade de produção de diesel S-10 em 95 mil barris por dia; a integração entre a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) e o GasLub Itaboraí, com capacidade adicional de 93 mil barris por dia de diesel S-10 e querosene de aviação (QAV) e 12 mil barris por dia de lubrificantes de maior qualidade; uma nova unidade de hidrotratamento na Replan.

Decisão

A Petrobras anunciou também que a transação de venda do Polo Potiguar deve ser submetida à apreciação de órgãos corporativos ainda em janeiro.

A petroleira anunciou em agosto do ano passado que a 3R Petroleum apresentou a melhor proposta pelo ativo, em valor superior a US$ 1 bilhão.

Segundo a estatal, a celebração da transação dependerá das aprovações corporativas necessárias, incluindo deliberação de sua diretoria executiva e conselho de administração.

O Polo Potiguar contempla um conjunto de 22 concessões de campos de produção terrestres e de águas rasas, incluindo a refinaria Clara Camarão, no Rio Grande do Norte. (Com informações da Reuters)

Produção de petróleo no Brasil cresce 4% em dezembro

Rio – A produção média de petróleo do Brasil em dezembro somou 2,84 milhões de barris por dia (bpd), alta de 4% ante o mesmo mês de 2020, apontaram dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) ontem.

Na comparação com novembro, no entanto, houve uma leve queda de 0,5%, configurando o terceiro recuo mensal consecutivo.

A produção média de gás natural do País, por sua vez, foi de 132,23 milhões de metros cúbicos por dia no último mês de 2021, também uma alta de 4% na comparação anual e queda de 3% versus novembro.

Somando petróleo e gás natural, a produção média total do país em dezembro somou 3,67 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), contra 3,52 milhões boed em dezembro de 2020 e 3,71 milhões de boed em novembro.

A Petrobras, principal petroleira do País, produziu em dezembro como concessionária 2,067 milhões de bpd, alta de 4,3% na comparação com um ano antes e queda de 1,9% ante o mês anterior.

Já a anglo-holandesa Shell, segunda maior produtora do Brasil e uma das mais importantes parceiras da Petrobras no pré-sal, produziu em dezembro 324,94 mil bpd, queda de 8% na comparação com dezembro de 2020 e leve alta de 0,1% ante novembro.

Cotação

Os preços do petróleo fecharam em alta ontem depois que um incêndio em um oleoduto do Iraque para a Turquia interrompeu brevemente os fluxos, aumentando as preocupações sobre uma perspectiva de oferta de curto prazo já apertada.

Os fluxos foram retomados através do oleoduto Kirkuk-Ceyhan, que transporta petróleo do norte do Iraque, o segundo maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, até o porto turco de Ceyhan para exportação.

A explosão que desencadeou o incêndio no oleoduto na província do sudeste da Turquia foi causada pela queda de um poste de energia, não por um ataque, disse uma fonte de segurança.

As preocupações com a oferta aumentaram esta semana depois que o grupo Houthi do Iêmen atacou os Emirados Árabes Unidos, terceiro maior produtor da Opep, enquanto a Rússia, segundo maior produtor de petróleo do mundo, construiu uma grande presença de tropas perto da fronteira com a Ucrânia, alimentando temores de invasão.

O petróleo Brent fechou em alta de US$ 0,93, ou 1,1%, para US$ 88,44 o barril. A marca de referência global tocou US$ 89,13, a máxima desde 13 de outubro de 2014.

O petróleo dos EUA (WTI) fechou com avanço de US$ 1,53, para US$ 86,96 o barril, a máxima desde 9 de outubro de 2014.

“Embora US$ 90 possam ter desencadeado alguma realização de lucros e um pequeno resfriamento dos preços, isso sugere que eles não irão ver adiamento e poderemos ver o petróleo a US$ 100 em breve”, disse Craig Erlam, analista sênior de mercado da Oanda. (Reuters)

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