Aeroporto Internacional de BH investe em ESG

5 de junho de 2021 às 0h19

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A Coleta Seletiva Solidária reflete diretamente na geração de renda para dezenas de famílias | Crédito: Divulgação/BH Airport

Uma operação de grandes dimensões como a do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na região metropolitana, demanda uma série de práticas para que a operação seja eficiente, com um crescimento sustentável, com o menor impacto possível ao meio ambiente e que também contribua positivamente para as comunidades do entorno. Pensando nisso, são desenvolvidos no terminal projetos que abranjam o ESG – Environmental (ambiental), Social (social) and Corporate Governance (governança corporativa).

O projeto Coletiva Seletiva Solidária, desenvolvido pelo aeroporto desde 2014, alcançou a marca de mais de 1.500 toneladas de resíduos doados à Associação de Catadores de Materiais Recicláveis (Ascamare) de Lagoa Santa.

“O resultado é fruto do engajamento da comunidade aeroportuária que separa corretamente os resíduos recicláveis. A iniciativa contribui para a economia de recursos naturais, para o descarte adequado dos materiais, bem como traz reflexos positivos para a comunidade”, ressalta o gestor de Segurança e Processos Integrados da BH Airport, Douglas Gameiro.

A Coleta Seletiva Solidária reflete diretamente na geração de renda para dezenas de famílias dos 26 associados da Ascamare, que comercializam os resíduos. Entre os materiais doados pelo aeroporto estão papel, plástico, vidro, pallets de madeira e metal. No período de 2014 até agora, a venda desses resíduos somou mais de R$ 725 mil para a entidade.

“O Aeroporto Internacional de Belo Horizonte atua para cumprir seu papel de fomentar o desenvolvimento econômico de Minas Gerais e da região onde está inserido. A geração de renda é um ponto relevante para a comunidade e contribui para a inclusão social, que é algo de fundamental importância para o aeroporto”, avalia Gameiro.

Meio ambiente em foco

Em relação às ações voltadas para o meio ambiente, um sistema de coleta, armazenamento e reaproveitamento de águas pluviais foi instalado no Terminal 2. Em 2020, foram captadas e reaproveitadas 1.005 m³. O volume foi direcionado para reservatórios enterrados e, depois, para o reservatório elevado de água de reuso. Esse recurso foi reutilizado no abastecimento das instalações sanitárias e na reposição de água para o sistema de climatização.

Também há um sistema de coleta, armazenamento e reaproveitamento de águas cinzas, que são captadas pelo sistema de redes segregadas, direcionando o efluente para uma estação elevatória e posteriormente para a Estação de Tratamento de Efluentes. Ao todo, foram captadas 318 m³ dessa água em 2020, que também foi reutilizada no abastecimento das instalações sanitárias e reposição de água para o sistema de climatização.

Para completar, foi concluída a reforma da Central de Água Gelada – que elevou a eficiência na climatização do lado doméstico do terminal – o que gerou uma economia de 347m³/mês.

A BH Airport, concessionária do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, é uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) formada pelo Grupo CCR, uma das maiores companhias de concessão de infraestrutura da América Latina, e por Zurich Airport, operador do Aeroporto de Zurich, o principal hub aéreo da Suíça e considerado um dos melhores aeroportos do mundo, além da Infraero, estatal com experiência de mais de 40 anos na gestão de aeroportos no Brasil, que tem 49% de participação.

Preservação é obrigação de todos

Em 2021, o Dia Mundial do Meio Ambiente será marcado pelo lançamento oficial da “Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas”. A estratégia desenvolvida pela Organização das Nações Unidas (ONU) – tem objetivo de alertar sobre a urgência da sociedade repensar as atitudes em relação ao meio ambiente.

Na edição atual, as ações estão focadas na prevenção e restauração dos ecossistemas degradados, de forma a combater as crises: climática, alimentar, hídrica e dos biomas mundiais. Nesse sentido, a organização propôs um envolvimento que inclui todos os setores da sociedade, utilizando o ambiente virtual como ponto de difusão e a adoção da hashtag #GeraçãoRestauração.

No cenário nacional, a grande preocupação é com a proteção da floresta Amazônica, por ser um dos principais reguladores do regime de chuvas no País, e consequentemente, reflete na segurança alimentar, energética e no clima global.

A coordenadora dos cursos Técnicos em Meio Ambiente e Qualidade do Senac EAD, Marília Coelho Teixeira, explica que a atenção ao bioma se justifica pelos números registrados no monitoramento do projeto Mapbiomas. Em 2019, foi identificado que a cobertura florestal original do bioma registrou 79,83% da área total. “Atualizando os dados, a situação continuar a preocupar, pois o Instituto Imazon revelou que a Amazônia perdeu 810 quilômetros quadrados de floresta em março. Em comparação ao mesmo período de 2020, o crescimento de desmatamento foi de 216%”.

Compromisso global

Dados divulgados pelo Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) – em 2015 revelaram que o Brasil estava entre os 10 países que mais emitiam gases do efeito estufa no mundo, responsável por 2,48% do total. A partir de um acordo internacional firmado este ano, o governo brasileiro se comprometeu a estabelecer o ‘desmatamento ilegal zero’ até 2030 e neutralizar as emissões até 2050.

“É responsabilidade da população brasileira cobrar os governantes a cumprirem as legislações ambientais, a fim de reduzirmos o quanto antes o desmatamento ilegal da Amazônia. Lembrando que os prejuízos ao meio ambiente atingirão a população global”, argumenta a especialista.

Diversas soluções tecnológicas estão em andamento no país e uma das mais relevantes é a implantação da energia solar nas empresas e indústrias. A docente do Senac EAD explica que o sistema é considerado uma energia limpa e sustentável, já que auxilia na redução da construção de usinas térmicas e nucleares. “Estas empresas causam impactos ambientais negativos, por serem projetos que emitem gás de efeito estufa pela queima de combustível fóssil. No caso das nucleares, oferecem risco às pessoas e sérios problemas ambientais devido ao armazenamento do lixo atômico”, pontua.

Demanda profissional

Diante dos compromissos assumidos com o meio ambiente global, os setores industriais, empresariais e públicos demandam cada vez mais por profissionais qualificados. No Senac EAD é possível aperfeiçoar os conhecimentos (cursos livres, graduação, pós-graduação) e ainda, ingressar em uma nova carreira, como de Técnico em Meio Ambiente.

Esse profissional é preparado para atuar em organizações públicas, privadas e não governamentais em diversos segmentos: serviços, comércio, indústria, extensão rural, tratamento de resíduos sólidos e efluentes, abastecimento e tratamento de água, empresas de licenciamento ambiental, unidades de conservação, cooperativas, associações, portos e aeroportos.

Marília Teixeira destaca que o perfil profissional procurado pelos empregadores avalia: comprometimento, colaboração, proatividade e visão crítica. Também precisa saber trabalhar em equipe, pois estará sempre em contato com diversos profissionais.

Temas em alta Um dos debates da atualidade é a implementação de ‘Cidades Verdes’ ou ‘Cidades Inteligentes’. O objetivo do projeto é investir no planejamento de construções urbanas que priorizem o tripé da sustentabilidade: meio ambiente, economia e sociedade.

A especialista do Senac EAD reforça que existem inúmeras ações para adequar as cidades no modelo ambientalmente correto e cita exemplos práticos que podem ser adotados no cotidiano das famílias. “Investir ou consumir produtos agroecológicos (hortas domésticas, escolares e comunitárias), reduzir o consumo e desperdício de água, energia, alimentos e adotar o hábito de reciclagem, são iniciativas simples e que terão impacto positivo na vida em comunidade”, finaliza.

Outras iniciativas citadas pela docente são: recuperação e preservação de nascentes e cursos d’água, criação e ampliação de ciclovias, estímulo ao uso de fontes alternativas de energia limpa (solar e eólica), construção de calçadas verdes que favorecem o escoamento das águas de chuva, coleta e tratamento adequado dos resíduos sólidos.

Pandemia favorece economia consciente

O Dia Mundial do Meio Ambiente de 2021 traz consigo reflexões importantes acerca da sustentabilidade, consumo e negócios. Acompanhamos há mais de um ano, como a pandemia da Covid-19 afetou drasticamente a economia global. Este novo cenário implicou mudanças.

Dados da Consultoria global EY Parthenon mostraram que no passado houve uma aceleração do comportamento social e ambientalmente responsável entre os brasileiros. Dos entrevistados, 70% disseram que agora prestam mais atenção aos impactos ambientais e sociais dos produtos que compram.

“De um lado, empresários com prejuízos. De outro, consumidores preocupados com o futuro do mundo. Um cenário propício para a economia consciente ganhar espaço por ser uma das soluções viáveis por meio da inovação frugal que passa também pela criatividade e empreendedorismo” explica o professor especialista em inovação global para mercados emergentes e coordenador do Laboratório de Inovação Social da Faculdade Skema Business School Brasil, Dennys Eduardo Rossetto.

A economia consciente ganhou espaço nesse cenário por ser uma das soluções viáveis por meio da inovação, diz Dennys Eduardo Rossetto | Crédito: Divulgação

Desde microempreendedores a multinacionais: todos obrigados a reinventar seus empreendimentos para seguir vendendo. Iara Mey, empreendedora da Pedreira Prado Lopes, é ambulante e vende churrasquinho e bebidas. Para reduzir os prejuízos dos períodos de fechamento de comércio, ela passou a comercializar também verduras.

Tais produtos nunca têm venda proibida pois são essenciais: “Eu entendo a necessidade de tirar o povo das ruas. Mas eu vivo do que produzo. Precisei adaptar meu negócio para sobreviver. Nunca tinha pensado em aproveitar um dia em intercalar o tipo de produtos. Tenho conseguido me manter, uma atividade ajuda a divulgar a outra e estou pensando em vender saladas para acompanhar o churrasquinho”.

O exemplo de Iara Mey simboliza a transformação macroeconômica em curso nas empresas brasileiras acelerada pela pandemia. Segundo Rossetto, sem saber, Iara Mey aplicou os conceitos da inovação frugal baseadas em três pilares.

Rossetto explica: Iara Mey reformulou suas receitas, fez substituições e passou a vender churrasquinho nos dias de mais movimento (redução substancial de custos); oferece também salada atraindo público improvável (inclui funcionalidade que aumenta venda e reduz perdas) e passou a fazer parceria com outros ambulantes que oferecem produtos complementares ou com outras pessoas pra fazer novas receitas, negociou preços melhores com os fornecedores (ecossistema frugal).

O professor completa: “A inovação frugal, o fazer mais com menos sem perder a qualidade favorece a sustentabilidade através de meios de consumo e produção mais limpa. Essas mudanças são decisivas para minimizar os impactos do vírus nos negócios, proteger o meio ambiente, redesenhar a reputação da organização e ainda ampliar a quantidade de consumidores pois produtos mais baratos e bons cabem no bolso de mais clientes. Para retomar as atividades e se recuperar financeiramente empresas de todo porte terão que mudar seus planos de negócio, buscar a inovação e principalmente um diferencial competitivo”.

As pizzarias de R$ 10 também cresceram na pandemia e foram objeto de pesquisa sobre inovação frugal em cenário de pandemia dentro da Fundação Getulio Vargas em 2020. A pesquisadora Laudiana Oliveira analisou três pizzarias paulistas, sendo a pioneira no segmento que inconscientemente adotou este tipo de inovação aplicando os pilares da frugalidade transformando em um novo modelo de negócios, uma que aderiu ao modelo de pizzas a R$ 10 e a outra pizzaria de modelo tradicional.

Segundo ela, confirmou-se que com as práticas adotadas pela empresa pioneira em vendas de pizzas de R$ 10, diminuiu drasticamente os custos e conquistou a clientela: “Os consumidores também apresentaram uma predisposição à compra, primeiro devido ao valor e, segundo, pela oportunidade, mas observam, sobretudo, a geração de empregos desse modelo de negócios, assim como o depoimento do revendedor comprova a inclusão social. Desta forma, identificou-se o impacto causado nas comunidades mais carentes, suprindo uma necessidade antes não observada resultando em um novo modelo de negócios lucrativo, consciente e dentro da realidade da maior parte das pessoas”.

O que a pesquisa da FGV mostrou, na prática, é que as organizações devem priorizar os resultados econômicos ao mesmo tempo em que desenvolve ações para eliminar os impactos socioambientais, mantendo a longevidade do negócio. Não é perda de tempo esperar o retorno. É investimento. A sustentabilidade tem vantagens de longo prazo para clientes, funcionários e a sociedade. E é também através dela que a organização reduz impactos ambientais, contribui para o social, atua com ética e transparência. Mas não é só isso: “A inovação frugal e demais ações sustentáveis são ainda mais estratégicas dentro das empresas do ponto de vista institucional já que o mundo está mais cauteloso com suas riquezas naturais e com a sobrevivência da espécie depois da disseminação de um vírus que pode ter sido acelerada pelo desequilíbrio ecológico. Vai lucrar mais quem preservar mais”, finaliza Rossetto.

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