O Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, tem 35 metros de altura. Imagine 1.500 estátuas dessas enfileiradas: o resultado seria uma estrutura de 52,5 quilômetros de comprimento. Agora aumente um pouco essa medida. É nessa escala que engenheiros e arquitetos italianos projetaram a Chrysalis, uma nave de 58 km concebida para transportar gerações inteiras de humanos rumo ao exoplaneta Proxima b, no sistema de Alpha Centauri.
A ideia de naves imensas, capazes de sustentar sociedades inteiras durante séculos de viagem, é um clássico da ficção científica. Obras como Aurora, Wall-E e Mass Effect Andromeda exploram a noção de “naves-geração”, mas o Project Hyperion Design Competition, realizado pela Initiative for Interstellar Studies (i4is), levou o conceito para o campo prático.
O desafio era criar propostas realistas de espaçonaves que permitissem a sobrevivência de humanos durante centenas de anos em trânsito até outro sistema estelar. A Chrysalis foi um dos projetos vencedores em 2025.
Como seria a Chrysalis
O desenho lembra um cilindro colossal em múltiplas camadas, quase como uma boneca russa alongada. Cada seção teria funções específicas, incluindo áreas de produção, vida, indústria e armazenamento.
A gravidade artificial seria gerada pela rotação lenta da nave, reduzindo desconfortos fisiológicos causados pela ausência de peso. Segundo os criadores, o tamanho imenso é justamente o que possibilita esse tipo de solução, já que estruturas menores exigiriam rotações rápidas, causando mal-estar e riscos de saúde.
Além disso, a nave teria espaço para 2.400 passageiros, que passariam a vida a bordo até que, séculos depois, seus descendentes chegassem ao destino.
Uma viagem de 400 anos
Com velocidade estimada em 0,01% da velocidade da luz, a Chrysalis levaria cerca de quatro séculos para alcançar Proxima b, considerado o planeta mais promissor do sistema Alpha Centauri. A missão, portanto, não seria apenas uma jornada, mas a criação de uma civilização itinerante — uma sociedade capaz de se sustentar sem contato com a Terra por muitas gerações.
Entre os principais desafios estão a produção contínua de alimentos, o gerenciamento de recursos, o isolamento espacial e a manutenção de uma comunidade saudável, tanto física quanto psicologicamente.