Os Estados Unidos enfrentam a ameaça de uma paralisação total do governo federal a partir da próxima terça-feira (30). O motivo é a falta de acordo entre republicanos e democratas sobre a aprovação de um pacote emergencial de financiamento. Caso a medida não seja votada até a data-limite, centenas de milhares de funcionários públicos poderão ficar sem salário e diversos serviços essenciais serão interrompidos.
O presidente Donald Trump acirrou o impasse político ao cancelar uma reunião com líderes democratas, entre eles Chuck Schumer e Hakeem Jeffries, aumentando as chances de um shutdown. Em paralelo, o Escritório de Gestão e Orçamento da Casa Branca já orientou agências federais a se prepararem para demissões e suspensão de serviços.
O que é um “shutdown”?
A Constituição dos EUA determina que o Congresso aprove, todos os anos, 12 projetos de lei de financiamento para garantir o funcionamento das agências federais. Quando isso não acontece, o governo não pode gastar dinheiro em diversas áreas, e serviços considerados “não essenciais” são interrompidos.
Desde 1980, já foram registrados 14 shutdowns, sendo o mais longo o de 2018-2019, que durou 34 dias e ocorreu também sob a administração Trump.
Entre os serviços que podem ser afetados estão:
- fechamento de parques nacionais e museus;
- suspensão de audiências de imigração;
- paralisação de inspeções sanitárias;
- corte de serviços a veteranos.
Programas de caráter obrigatório, como Seguridade Social, Medicare e Medicaid, seguem funcionando, mas podem sofrer atrasos em serviços administrativos.
Impacto econômico direto
Segundo o economista Gregory Daco, da EY-Parthenon, cada semana de paralisação custa cerca de US$ 7 bilhões à economia norte-americana. Além disso, a interrupção pode atrasar a divulgação de relatórios fundamentais, como o índice de emprego, previsto para 3 de outubro, e o Índice de Preços ao Consumidor (CPI), marcado para 15 de outubro.
“Um shutdown neste momento representa um risco ainda maior para a economia, que já enfrenta sinais de desaceleração”, afirmou Daco.
Funcionários sem pagamento
Mais de 2 milhões de trabalhadores civis federais podem ser impactados. Durante a última paralisação total, em 2013, cerca de 850 mil foram colocados em licença sem remuneração. Embora a lei assegure o pagamento retroativo quando o governo reabre, contratados terceirizados não têm essa garantia, o que costuma gerar graves dificuldades financeiras.
Serviços essenciais, como segurança nacional, controle aéreo e segurança em aeroportos (TSA), continuam operando, mas os funcionários trabalham sem receber até o fim da crise.
E agora?
Com prazo até a meia-noite de terça-feira (30) para quarta (1º), democratas e republicanos permanecem distantes de um consenso. Os primeiros exigem a inclusão de proteções de saúde no pacote emergencial, enquanto os republicanos defendem apenas a prorrogação simples do orçamento.
Se o impasse não for resolvido, os Estados Unidos enfrentarão mais uma paralisação de governo, com impactos diretos na vida da população e reflexos em todo o cenário econômico mundial.
