O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa nesta quinta-feira (9), em Maragogipe (BA), do evento que oficializa a retomada de investimentos da Petrobras na Bahia. Entre os anúncios estão a reabertura da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen-BA) e novas encomendas para o setor naval baiano, com um investimento total de R$ 2,6 bilhões e estimativa de geração de cerca de 6 mil empregos.
A cerimônia ocorre no Estaleiro Enseada, um dos polos estratégicos do setor naval no estado. O evento contará também com o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), que divulgará R$ 611,7 milhões em investimentos para a construção de 80 embarcações destinadas à ampliação da frota marítima e aquaviária nacional. Desse valor, R$ 550,5 milhões virão do Fundo da Marinha Mercante (FMM), com potencial para gerar 2 mil empregos diretos.
A reativação da Fafen-BA, desativada desde 2018, marca o retorno da produção de ureia e Arla 32 no país. O projeto inclui também a retomada das operações na Fafen de Sergipe, ambas com investimento inicial de R$ 38 milhões cadapara manutenção e recuperação das unidades.
Segundo a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, a meta é que as fábricas retomem a produção no início de 2026, após o período de manutenção.
“Vamos entrar em manutenção agora e, a partir do começo do ano, elas já vão estar produzindo tanto ureia quanto Arla 32. Com essas plantas, junto com a Ansa, no Paraná, vamos ser capazes de produzir 20% da demanda nacional de fertilizantes nitrogenados”, afirmou Chambriard.
A Petrobras também assinou um contrato de cinco anos, no valor total de R$ 520 milhões, para operação e manutenção das unidades da Bahia e de Sergipe. A reabertura deve gerar cerca de 2,5 mil empregos diretos e indiretos.
Menor dependência de importações
A retomada das fábricas faz parte da estratégia da Petrobras para reduzir a dependência do Brasil de fertilizantes importados — insumo essencial para o agronegócio. Atualmente, o país importa cerca de 80% dos fertilizantes que consome.
“Estamos restabelecendo a capacidade operacional para garantir o fornecimento contínuo de ureia nacional. Durante os anos de inatividade, as unidades sofreram degradação, mas já iniciamos a recuperação”, explicou Wagner Felicio, gerente executivo de Fertilizantes da estatal.
Além dos investimentos em fertilizantes, o plano da Petrobras inclui a construção de seis navios de apoio marítimo em parceria com o Estaleiro Enseada, em Maragogipe. O edital prevê ainda a contratação de mais quatro embarcações, ampliando o impacto econômico na região.
O Fundo da Marinha Mercante, que financia a construção e modernização da frota brasileira, será o principal responsável pelo crédito. O objetivo é revitalizar o setor naval nacional, que foi duramente afetado pela paralisação de estaleiros e cortes de investimentos nos últimos anos.
“A gente não acredita em negócio ruim. Todo projeto precisa ser rentável e gerar benefícios mútuos”, ressaltou Magda Chambriard durante coletiva de imprensa.
Reação do mercado
Apesar do impacto positivo na geração de empregos e na indústria nacional, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) reagiram negativamente ao anúncio. Na sessão desta quarta-feira (8), PETR3 caiu 1%, a R$ 32,59, enquanto PETR4 recuou 0,58%, a R$ 30,65.
Analistas apontam que o mercado interpretou os novos aportes como um sinal de aumento de gastos e menor foco na rentabilidade imediata, embora os projetos sejam estratégicos no longo prazo.
