O ator e diretor Antonio Pitanga revelou, em entrevista ao programa Roda Viva nesta segunda-feira (27), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi um dos grandes incentivadores da produção do filme Malês, longa que ele dirige e protagoniza. O filme, que está atualmente em cartaz nos cinemas, retrata a Revolta dos Malês, maior levante urbano de negros escravizados da história do Brasil.
Segundo Pitanga, o interesse de Lula pela obra vem desde o início dos anos 2000, ainda durante o primeiro mandato do petista.
“Em 2003, Malês já existia, e ele [Lula] sempre me perguntava: ‘E aí, Pitanga! E o filme dos malês?’ e eu dizia: ‘Está indo, presidente’”, contou o cineasta.
Durante o programa, Pitanga destacou que o presidente foi um dos poucos que apoiaram o projeto ainda em sua fase inicial, mesmo sem poder atuar diretamente na produção.
“Essa caminhada eu sei os que deram as costas e sei os que apoiaram. Lula foi um desses caras. Sem mexer em nada, ele é presidente da República, não podia fazer nada, mas o desejo dele era ver o resultado [do filme]”, afirmou.
O diretor também contou que, por meio da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), sua esposa e uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores, enviou um recado ao presidente cobrando uma sessão especial do longa.
“Mandei um recado para o Lula pela Benedita. Disse: ‘O senhor já viu Ainda Estou Aqui, o senhor já viu O Agente Secreto e agora o senhor tem que entrar na África’”, brincou Pitanga.
Exibição no Palácio da Alvorada
Antes da estreia oficial, Malês teve uma sessão especial no Palácio da Alvorada, em 6 de setembro, com a presença de Lula e parte do elenco. O evento foi realizado no Cine Alvorada, sala de cinema projetada por Oscar Niemeyer e reinaugurada em 2023.
Participaram da exibição os atores Camila Pitanga, Samira Carvalho, Rodrigo de Odé, Heraldo de Deus e Edvana Carvalho.
O longa narra a Revolta dos Malês de 1835, quando africanos muçulmanos escravizados e libertos lideraram um levante em Salvador contra a escravidão. Embora o movimento tenha sido duramente reprimido, tornou-se símbolo de resistência e luta pela liberdade.
Durante o Roda Viva, Antonio Pitanga reforçou que Malês é mais do que um filme histórico — é uma produção que busca recuperar a memória de uma revolta silenciada. O projeto, segundo ele, é também um tributo à cultura africana e à contribuição negra na formação do Brasil.




