Recentemente, o governo tinha divulgado a lista de projetos que podiam participar do Prêmio Maria Lúcia Pereira, dedicado a reconhecer iniciativas inovadoras na política sobre drogas. Um desses projetos era uma cartilha batizada de “Deu Ruim? Fica Frio. O que fazer se você estiver com drogas e for abordado pela polícia”.
Criada pela Frente Mineira de Drogas e Direitos Humanos, a cartilha era dividida em três partes: antes de sair de casa, na abordagem e na delegacia. Segundo a entidade, o objetivo da cartilha é “ajudar jovens usuários(as) em caso de abordagem policial, evitando o conflito e o possível encarceramento por tráfico de drogas, consequência muito comum para jovens pretos, pobres e periféricos em nossa atual política de drogas proibicionista”.
“Compreendendo a lógica racista e pautada na subjetividade da polícia, o material visa auxiliar nos momentos que jovens estejam portando substâncias, com dicas para momentos antes de sair de casa, na abordagem, durante uma revista e na delegacia”, completa o coletivo. O documento conta com dicas como evitar andar em grupos se estiver com drogas ou ir direto para casa logo após comprar grandes quantidades.
Prêmio foi suspenso após polêmica envolvendo a cartilha
A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos revelou ao Radar que a seleção pública do prêmio foi suspensa para que os projetos sejam analisados.
“Não houve qualquer decisão sobre premiação e nenhum dos trabalhos teve o crivo da Senad, cuja responsabilidade, prevista no edital, é a supervisão e a fiscalização de todos os atos do concurso. As sugestões enviadas são de inteira responsabilidade de seus autores, não cabendo à secretaria interferir neste processo”, informou nota do órgão. “A Senad não coaduna com qualquer orientação que afronte as leis do país e que possa representar burla às autoridades policiais.”