Uma proposta do governo federal para alterar a tabela do Imposto de Renda promete aliviar a carga tributária da classe média, mas deve aumentar significativamente os tributos pagos por contribuintes das regiões Sul e Sudeste. Segundo levantamento do Sindifisco Nacional, aproximadamente 80% das pessoas que pagarão mais imposto a partir de 2026 vivem nessas duas regiões, com destaque para São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
A mudança faz parte do Projeto de Lei 1.087/2025, que eleva a faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil mensais e reduz a alíquota para rendas entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. Para compensar a queda na arrecadação, o governo propõe uma alíquota efetiva mínima para rendas superiores a R$ 600 mil por ano — cerca de R$ 50 mil por mês. A nova regra começa a aplicar uma cobrança progressiva, atingindo 10% de alíquota mínima para quem ganha R$ 1,2 milhão anuais.
Com base nos dados da Receita Federal de 2022, o Sindifisco aponta que São Paulo concentrará 40,92% dos contribuintes afetados, seguido por Minas Gerais (8,99%) e Rio de Janeiro (8,30%). Paraná (6,96%) e Rio Grande do Sul (6,66%) completam o grupo mais impactado.
Mudança pode redistribuir recursos entre regiões do país
Apesar da repercussão regional, especialistas defendem a medida como uma forma de corrigir distorções históricas e reduzir desigualdades entre as regiões do país. De acordo com o Sindifisco, ao tributar de forma mais efetiva os contribuintes do topo da pirâmide — majoritariamente localizados nos centros econômicos mais desenvolvidos — a arrecadação poderá ser redistribuída por meio do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), beneficiando especialmente o Norte e o Nordeste.
A expectativa é que o projeto tramite em 2025 para que entre em vigor já no início de 2026. Segundo estimativas, entre 140 mil e 238 mil brasileiros devem ser diretamente impactados pela nova cobrança, dependendo da metodologia adotada nas projeções.
O deputado Arthur Lira (PP-AL), atual relator da proposta, deve apresentar um parecer nos próximos meses.