Durante séculos, a lua cheia foi responsabilizada por comportamentos estranhos, surtos de violência e até doenças mentais. Termos como “lunático” têm raízes nessa ideia, que remonta à Grécia e Roma Antigas, quando filósofos como Aristóteles e Lucilius associavam os ciclos lunares a alterações no humor e na saúde. Mas será que a lua cheia realmente nos torna mais agressivos?
A crença persiste até hoje: um estudo citado pela revista Healthline mostrou que 81% dos profissionais de saúde mental acreditam que a lua cheia pode afetar o comportamento humano. No entanto, a ciência moderna ainda não encontrou evidências sólidas que comprovem essa ligação.
Pesquisadores vêm tentando há décadas identificar possíveis impactos da lua sobre o corpo humano — especialmente sobre o sono e a saúde mental. Algumas descobertas sugerem uma ligação entre a lua cheia e alterações no sono, mas a correlação com comportamento agressivo ou surtos psiquiátricos permanece fraca ou inexistente.
- Um estudo de 2021 observou que pessoas dormem menos e adormecem mais tarde nas noites que antecedem a lua cheia.
- Pesquisas de 2015 e 2016 indicaram que crianças e mulheres podem ter menos sono REM nessa fase lunar.
- No entanto, uma análise de mais de 18 mil registros médicos (2019) mostrou nenhuma relação entre a lua cheia e internações psiquiátricas ou alterações comportamentais.
E a agressividade?
Embora a ideia de que a lua cheia cause surtos de raiva ou violência seja popular na cultura pop e até no imaginário coletivo, os dados clínicos não confirmam esse efeito. Uma pesquisa realizada em um hospital com 140 leitos nos Estados Unidos demonstrou que o número de atendimentos psiquiátricos permaneceu estável durante todas as fases da lua.
Além disso, um estudo de 2017 reforçou a conclusão de que não há aumento significativo nos casos de distúrbios mentais ou comportamentais durante a lua cheia, contrariando teorias antigas como a do psiquiatra Arnold Lieber, que nos anos 1970 defendia a ideia de que os ciclos lunares influenciariam as chamadas “marés biológicas” humanas.
O fator circadiano e a luz da lua
É verdade que o corpo humano é fortemente influenciado pela luz e pelo escuro. Nosso relógio biológico, ou ritmo circadiano, regula desde o sono até o humor. Mas a intensidade da luz da lua cheia é mínima: entre 0,1 e 0,3 lux, enquanto uma simples tela de celular chega a 40 lux.
Dessa forma, os cientistas concordam que, embora seja possível que a luminosidade natural da lua tenha influenciado o comportamento de populações antigas, hoje, com a luz artificial predominando em ambientes urbanos, esse impacto é praticamente irrelevante.