Um estudo recente publicado na Journal of the American Medical Association (JAMA) acendeu um alerta para um hábito comum entre os brasileiros: o consumo diário de refrigerantes e bebidas adoçadas. A pesquisa revelou uma forte associação entre o consumo frequente dessas bebidas e o desenvolvimento de esteatose hepática (gordura no fígado) — condição que pode evoluir para câncer hepático e outras doenças graves.
A análise acompanhou quase 99 mil mulheres e constatou que 6,8% consumiam refrigerantes todos os dias, enquanto 13,1% ingeriam regularmente outras bebidas adoçadas. Nesse grupo, foram identificados 270 casos de câncer no fígado e 148 mortes relacionadas a doenças hepáticas, números que demonstram o impacto significativo dessas bebidas sobre a saúde.
Refrigerantes e alimentos ultraprocessados: risco comprovado
Os riscos não se limitam ao fígado. Outro estudo, que acompanhou mais de 540 mil adultos nos Estados Unidos durante quase 30 anos, concluiu que pessoas que consomem altas quantidades de alimentos ultraprocessados — como refrigerantes e carnes processadas — têm 10% mais chances de morte precoce, principalmente por doenças cardíacas e diabetes.
Segundo Erikka Loftfield, pesquisadora do Instituto Nacional de Câncer dos EUA, alimentos e bebidas ultraprocessados são um fator crítico para a saúde:
“Nossas descobertas reforçam que o consumo de refrigerantes e carnes processadas está entre os principais responsáveis pelo aumento do risco de mortalidade. A orientação continua sendo limitar drasticamente esses itens para promover longevidade e prevenir doenças.”
Embora o estudo não tenha encontrado uma ligação direta com mortes por câncer em geral, os refrigerantes se destacaram como uma das categorias mais associadas a doenças graves e morte precoce.

Diet ou zero: uma falsa solução
Para muitos consumidores, os refrigerantes diet ou zero parecem uma alternativa saudável, já que não contêm açúcar. Porém, o consumo frequente também traz riscos à saúde, como mostram diversos estudos:
- Erosão e manchas nos dentes: a acidez e corantes presentes em algumas versões podem desgastar o esmalte dental e causar descoloração;
- Maior risco de doenças cardíacas e diabetes: mesmo sem açúcar, adoçantes artificiais podem prejudicar a função da insulina e o metabolismo;
- Problemas ósseos: refrigerantes à base de cola contêm ácido fosfórico, que pode reduzir a densidade óssea e fragilizar os ossos, especialmente quando combinados com cafeína;
- Distúrbios do sono: uma lata de refrigerante diet pode conter cerca de 46 mg de cafeína, suficiente para prejudicar o descanso noturno em pessoas sensíveis.
Embora algumas pesquisas indiquem que substituir refrigerantes comuns por versões diet possa ajudar na perda de peso, o consumo frequente de adoçantes artificiais tem sido associado, a longo prazo, ao aumento do peso corporal e do perímetro abdominal.
Como reduzir os riscos?
Especialistas recomendam:
- Limitar o consumo de refrigerantes (incluindo diet e zero) a ocasiões esporádicas;
- Priorizar água, sucos 100% naturais e águas com gás sem adoçantes;
- Evitar carnes e produtos ultraprocessados, como embutidos e enlatados;
- Manter uma dieta equilibrada e atividades físicas regulares para reduzir riscos metabólicos e hepáticos.