Uma vacina experimental contra o câncer de pulmão começou a ser aplicada em pacientes em um hospital da Grécia, marcando um avanço inédito no combate à forma de câncer que mais mata no mundo — com 1,8 milhão de mortes por ano. Batizada de BNT116, a vacina é desenvolvida pela BioNTech, mesma empresa responsável por uma das vacinas contra a Covid-19, e tem como objetivo oferecer uma alternativa menos agressiva que a quimioterapia tradicional.
O estudo internacional, iniciado em 2024, está sendo conduzido em sete países (Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Hungria, Polônia, Espanha e Turquia) e marca a primeira vez que a BioNTech testa uma vacina contra o câncer em humanos.
Indicação da Vacina
A BNT116 é baseada na tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) — a mesma usada nas vacinas contra o coronavírus. O imunizante “ensina” o sistema imunológico a reconhecer e destruir células tumorais específicas do tipo CPNPC (câncer de pulmão de células não pequenas), reduzindo as chances de reincidência da doença.
A vacina será administrada em pacientes que já passaram por quimioterapia, imunoterapia e cirurgia. Após esse ciclo inicial, o tratamento segue com imunoterapia combinada à vacina, em uma abordagem personalizada e mais direcionada.
Na fase atual dos testes, os pesquisadores buscam avaliar possíveis efeitos colaterais e ajustar a fórmula para alcançar maior eficácia antes de avançar para estudos mais amplos.
Cenário preocupante no Brasil
A notícia da nova vacina surge em meio a projeções alarmantes para o Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o número de casos de câncer de pulmão pode crescer 65% até 2040, com um aumento de 74% na mortalidade, caso o consumo de tabaco não diminua.
Para 2025, a previsão é de 18 mil novos casos em homens e 14 mil em mulheres, com destaque para a Região Sul como a de maior incidência. A maioria dos pacientes, infelizmente, ainda é diagnosticada em estágios avançados, o que reduz significativamente as chances de cura.
Atualmente, 12% da população adulta brasileira consome tabaco, e os custos com o tratamento do câncer de pulmão chegam a R$ 9 bilhões por ano ao sistema de saúde.
Se comprovada sua eficácia e segurança, ela pode transformar a forma como tratamos o câncer de pulmão, oferecendo uma opção menos invasiva, mais inteligente e personalizada — e, principalmente, mais eficaz.
Os próximos anos serão decisivos, mas a ciência já deu um passo promissor rumo ao que pode ser uma revolução no tratamento oncológico.