Astrônomos registraram o que pode ser a explosão cósmica mais brilhante da história. O fenômeno, uma rajada rápida de rádio (fast radio burst, ou FRB), foi detectado a cerca de 130 milhões de anos-luz da Terra, uma distância considerada relativamente próxima em termos astronômicos. A descoberta, publicada na revista Astrophysical Journal Letters, foi apelidada de RBFLOAT – sigla em inglês para “explosão de rádio mais brilhante de todos os tempos”.
Os FRBs são clarões intensíssimos de ondas de rádio que duram apenas milésimos de segundo, mas podem liberar mais energia do que uma galáxia inteira no mesmo intervalo. Normalmente, são observados a bilhões de anos-luz, o que torna o novo registro especialmente raro.
O RBFLOAT foi identificado em março de 2025 pelo radiotelescópio CHIME, no Canadá, apelidado de “máquina de descobrir FRBs”. Pela primeira vez, os cientistas conseguiram rastrear uma dessas explosões até sua origem: uma região da galáxia NGC 4141, localizada em um braço espiral. O ponto de emissão foi delimitado a uma área de apenas 45 anos-luz de diâmetro, algo comparável a “enxergar uma moeda de 25 centavos a 100 quilômetros de distância”, segundo os pesquisadores.
A precisão da localização permitiu acionar rapidamente o Telescópio Espacial James Webb (JWST), que identificou um possível objeto relacionado ao clarão, batizado de NIR-1. Trata-se de uma estrela gigante vermelha ou uma estrela massiva em estágio intermediário de evolução. Embora improvável que seja a causa da explosão, essa é a primeira vez que um objeto extragaláctico é associado diretamente a um FRB.
Impacto científico
Desde que foram descobertos em 2007, os FRBs intrigam a ciência. As principais hipóteses apontam para estrelas de nêutrons altamente magnetizadas, conhecidas como magnetars, como possíveis responsáveis. Para Amanda Cook, da Universidade McGill e líder da equipe internacional, a observação do RBFLOAT representa “um ponto de virada”.
“Agora não estamos apenas detectando esses clarões misteriosos, mas conseguimos ver de onde vêm. Isso abre a porta para descobrir se são causados por estrelas moribundas, objetos magnéticos exóticos ou algo que ainda nem imaginamos”, disse a pesquisadora.
Com a nova técnica de rastreamento e o apoio de telescópios de ponta, os cientistas acreditam estar mais próximos de desvendar um dos maiores enigmas do universo contemporâneo.