Um registro feito no céu de Château de Beynac, no sudoeste da França, deixou moradores e internautas intrigados nos últimos dias. Na imagem que rapidamente viralizou, formas avermelhadas semelhantes a águas-vivas flutuando no céu surgem em meio à escuridão, criando um cenário que muitos compararam a cenas da série Stranger Things, como se o “mundo invertido” tivesse tomado o lugar do firmamento.
A aparência incomum do fenômeno gerou uma enxurrada de teorias nas redes sociais, que iam desde atividade extraterrestre até testes de armamentos ultramodernos. Diante da repercussão, a NASA se manifestou para esclarecer a origem do espetáculo luminoso.
Segundo a agência espacial norte-americana, o fenômeno não tem qualquer relação com OVNIs ou experimentos militares. Trata-se de um evento meteorológico raro conhecido como Sprite, sigla em inglês para Perturbações Estratosféricas Resultantes da Eletrificação de Tempestades Intensas.
Além do sprite, o registro mostra também um ELVE (Emission of Light and Very low-frequency perturbations due to Electromagnetic pulse sources), um tipo de emissão luminosa ainda mais raro. Ambos fazem parte dos chamados Eventos Luminosos Transitórios, fenômenos rápidos e intensos que ocorrem na alta atmosfera, acima das nuvens de tempestade.
Registro raro chamou atenção de especialistas
A imagem foi capturada pelo fotógrafo italiano Valter Binotto, conhecido internacionalmente por registrar eventos atmosféricos difíceis de observar. Vencedor do prêmio Wildlife Photographer of the Year, ele explicou a raridade do momento.
“Desde que comecei, há mais de 10 anos, fotografei centenas de sprites. Os ELVEs são muito raros e, por isso, muito mais difíceis de registrar”, afirmou Binotto.
Em publicação no Instagram, o fotógrafo detalhou o que aparece na imagem:
“Este é um alinhamento raro de Sprite e ELVE. O sprite é o objeto vermelho com aparência de tentáculos no centro. O ‘disco voador’ vermelho ao redor é o ELVE.”
Por que o céu ficou vermelho?
A coloração intensa desses fenômenos se deve à excitação de partículas de nitrogênio presentes na alta atmosfera. É o mesmo elemento responsável pelo tom avermelhado observado, em alguns casos, nas bordas inferiores da aurora boreal — embora, nesse caso, a excitação venha do espaço.
Os sprites e ELVEs são extremamente rápidos, duram frações de segundo e acontecem a dezenas de quilômetros acima da superfície terrestre, o que explica por que raramente são vistos a olho nu. Para capturá-los, Binotto utiliza uma câmera adaptada para astrofotografia, mais sensível à luz infravermelha.




