No mundo da numismática — a ciência que estuda moedas, medalhas e cédulas — alguns itens ultrapassam o valor material e se tornam verdadeiros tesouros históricos. É o caso da chamada “Peça da Coroação”, a moeda mais valiosa do Brasil, cujo valor pode ultrapassar R$ 2,5 milhões no mercado de colecionadores.
Cunhada em 1822, em ouro, a moeda foi criada para celebrar a coroação de Dom Pedro I como imperador do Brasil, pouco após a Proclamação da Independência. Ao todo, apenas 64 exemplares foram produzidos pela Casa da Moeda do Rio de Janeiro, tornando a peça extremamente rara. Atualmente, sabe-se do paradeiro de pouco mais de 16 unidades, localizadas em coleções privadas e museus no Brasil e em Portugal.
O caso da “Peça da Coroação” exemplifica como itens aparentemente simples podem ganhar status de relíquias históricas. No universo da numismática, características como ano de emissão, erro de cunhagem e importância política ou cultural podem transformar moedas em objetos de desejo — e de alto valor financeiro.

Moeda rejeitada por Dom Pedro I
Apesar de seu valor simbólico e histórico, a “Peça da Coroação” foi rejeitada pelo próprio Dom Pedro I. O busto retratado no anverso da moeda, criado pelo artista Zeferino Ferrez, mostrava o imperador com o peito nu e coroa de louros, à maneira dos imperadores romanos — algo que desagradou o monarca, que desejava ser representado em traje militar.
Outro elemento que provocou insatisfação foi a inscrição “IN HOC SIGNO VINCES” (“Com este sinal vencerás”), cunhada pelo artista Thomé Joaquim da Silva. O conjunto de fatores levou à imediata suspensão da cunhagem, interrompendo a produção ainda nos primeiros exemplares.
Mesmo com produção interrompida, a raridade e o simbolismo da “Peça da Coroação” garantiram seu destaque no mercado. Em 2012, uma unidade foi leiloada nos Estados Unidos por quase US$ 500 mil, o equivalente a mais de R$ 1 milhão na época. Dois anos depois, em 2014, outro exemplar bateu recorde nacional, sendo arrematado por R$ 2,37 milhões.
Com a valorização do mercado de moedas raras e o câmbio atual do dólar, especialistas acreditam que o valor da peça já supere R$ 2,5 milhões. Fatores como estado de conservação, proveniência e contexto histórico influenciam diretamente na precificação de cada exemplar.