O Banco Central (BC) está desenvolvendo o Drex, a primeira moeda digital brasileira emitida oficialmente por uma autoridade monetária. A iniciativa faz parte do esforço global de modernização dos sistemas financeiros por meio das chamadas CBDCs (Central Bank Digital Currencies) – moedas digitais controladas por bancos centrais. O Drex funcionará como uma versão virtual do real, com emissão, controle e circulação restritos ao ambiente digital.
Apesar de ainda estar em fase piloto, o Drex promete revolucionar os pagamentos no Brasil. E mais: pode, em médio prazo, até aposentar o Pix em determinadas modalidades de transação, principalmente naquelas que envolvem pagamentos programáveis, contratos inteligentes e ativos digitais.
Como o Drex vai funcionar?
Diferente das criptomoedas como o Bitcoin – que operam de forma descentralizada –, o Drex será totalmente regulado e controlado pelo Banco Central. Para acessar o Drex, o cidadão precisará de uma instituição financeira intermediária autorizada, como um banco tradicional, que fará a ponte entre o dinheiro físico (ou de conta corrente) e a carteira digital do Drex.
A moeda digital será utilizada para transações seguras no meio digital, inclusive com integração a serviços com contratos inteligentes. Por exemplo, na compra de um veículo, o Drex poderá viabilizar a transferência de titularidade somente após a confirmação do pagamento, automatizando o processo.
Benefícios esperados com o Drex
- Transações automatizadas: será possível realizar pagamentos programáveis por meio de contratos inteligentes (smart contracts);
- Privacidade e segurança: o Drex atenderá os critérios da Lei do Sigilo Bancário (LC 105/2001);
- Integração com ativos digitais: poderá ser usado para negociação de títulos, veículos e outros ativos “tokenizados”;
- Desburocratização: operações como transferências de propriedade ou pagamentos parcelados poderão ser feitas automaticamente com regras pré-estabelecidas.
A previsão inicial do Banco Central era lançar o Drex no início de 2025. Atualmente, o projeto está na segunda fase do piloto, com 13 casos de uso em teste, incluindo:
- Compra e venda de veículos com transferência automática;
- Contratos financeiros tokenizados;
- Integração com ativos não regulados pelo BC.
Segundo Fabio Araujo, coordenador da Iniciativa Drex, a prioridade agora é garantir a segurança, privacidade e proteção de dados nas transações. Nenhuma operação está sendo realizada com clientes ou dinheiro real durante os testes.
A decisão sobre o lançamento definitivo dependerá dos resultados dessa fase, prevista para ser concluída até o fim do primeiro semestre de 2025.
Além do BC, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) também acompanha o desenvolvimento do Drex. Isso porque o projeto envolve a tokenização de ativos financeiros, o que exige participação de reguladores especializados para garantir a conformidade com a legislação brasileira.